Wednesday, November 30, 2005

Rushmore

Outro dia numa discussão com o Pai Popin falávamos do fato de Smile ser resposta ao Sgt. Pepper´s que era resposta ao Pet Sounds que era resposta ao Revolver. Um fato aparentemente isolado - o aparecimento do Revolver, álbum menor dos Beatles (não pra mim, o Revolver é o segundo melhor, mas para a massa) - gerou uma reação espetacular que produziu alguns dos melhores momentos da música.

Tal teoria pode ser reproduzida para muitos campos. Creio que na maioria dos campos já se produziu estudados em universidades, debates acalorados e discussões em cafés parisienses ou em botecos de Copacabana. Mas um campo novo para ela são os coments de blogs.

Veja o caso do post sobre a estranha adoração dos franceses pelo Brasil lá do Bom Dia, França. Gerou 12 comentários, alguns que tinham a ver com o post em si, e aí entrouMacunaíma, venda de previsões e da pessoa amada em 2 dias e meio, uma curva futura de Tíque e uma pequena mostra do estouro de uma bolha econômica (do tíque, no caso). Tal fenômeno tem sido tratado nos meios acadêmicos como Teoria da Individualidade e Liberadade Total dos Comentários de Blogs (TILTCB), e é muito festejada entre os liberais. Algunss pregam que este fenômeno está associado a post ruins, outros dizem o contrário - os ótimos posts geram muitos comentários que acabam ganhando vida própria. Há os que defendem o aparecimento do fenômeno durante longos períodos sem atualização, quando as pessoas entram no blog e acabam falando no último post, cujos comentários já tinham se esgotado, abrindo novas frentes de assunto. Há até um rapaz de Chicago que, num artigo que fez muito sucesso em alguns meios, defende a alta correlação entre os abortos e a TILTCB. A verdade, porém, é que não há nenhum consenso quanto a isso.

Creio que muitas das melhores partes deste blog estão lá, nos comentários. Já houve até um post-escondido nos comentários. Talvez até no futuro haja blogs de comentários que acabam gerando posts. Ou algo Borgiano como comentários para post nenhum.

Tuesday, November 29, 2005

Suma Teológica de S. Thomas de Aquino

Um site picareta de cinema resolveu fazer uma lista dos 100 maiores do cinema em várias categorias, além do tradicional 100 melhores filmes de todos os tempos. Obviamente fui olhar, porque uma das melhores coisas de se ver listas alheias é ver como são mal-feitas e pensar que quem as fez não entende nada mesmo. Esse caso não foi diferente. Não conseguiram escapar do óbivo Cidadão Kane como o melhor filme, mas colocaram E oVento Levou e Lawrence da Arábia em quarto e quinto, respectivamente. Não dá pra levar muito a sério. Imagino um júri cheio de Rubem Ewald Filho fazendo listas como essa.

Mas o que realmente me chamou atenção foi a lista dos maiores heróis e maiores vilões. O fato é que alguns dos maiores vilões da listas são alguns dos maiores heróis do cinema pra mim. Por exemplo: Alex de Large está lá na 12º colocação dos maiores vilões. Acho que ele entraria no meu Top 5 Heróis, e que atire a primeira pedra que não torce pra caramba pra ele e fica feliz ao final do filme quando percebemos que "he was cured, all right??". E uma posição abaixo temos o Hal 9000. Tá, ele é o maior vilão da história do cinema, mas é também o maior herói. E não tem nada de paradoxal nisso. Alguém pode ser herói e vilão, não? Ainda mais um computador. Descendo mais na lista acho, na 30º posição, outra atrocidade - Travis Bickle, do Taxi Driver. Desde quando ele é um vilão? Dessa vez acho que até o Bento XVI concordaria comigo se ele visse filmes. O Travis é um herói de primeira, poderia até virar um cartoon da Marvel, entrar para a Liga da Justiça e tal. Aí vou na lista dos heróis e vejo apenas um que merece tal posto - Rick Blaine na 4º colocação, esse sim um herói de verdade - cafajeste, sujo, irônico e bêbado, virtudes de um verdadeiro herói.

Monday, November 28, 2005

Da Folha de São Paulo

Monentos de Definição Para Um dos Mais Esperados Prêmios de Cinema
Juliete Seixas
Da Sucursal do Rio

"Se vocês querem especular deveriam se encaminhar para a Bolsa de Valores de São Paulo". A frase é do Presidente (sic) Lula mas poderia muito bem ter sido dita Tony Azevedo, presidente vitalício do Júri do Tony de Ouro. Especulação é o que não tem faltado nesta reta final para um dos mais esperados e respeitados prêmio de cinema do mundo. Com a arrogância que lhe é peculiar, Tony se esquiva de tudo e todos, cancelando uma há muito esperada entrevista coletiva para atender um suposto telefonema de seu "amigo muito próximo, Thomas Pynchon, a quem pretendo dar a presidência do Júri em 2006", deixando aos jornalistas o simples trabalho de especulação.

E como esta jornalista não saberia muito bem o que fazer na Bolsa, adere ao movimento e trata de dar seus palpites sobre o que está por vir. Sabe-se, por exemplo, que pelos relatos de amigos próximos (isso não inclui o Pynchon) que têm acesso ao famoso caderno de filmes do Tony com, entre outras coisas, as notas de todos os filmes vistos no ano, os mais fortes candidatos ao prêmio são Steve Zissou, Old Boy, Flores Partidas, Closer e Marcas da Violência. Tony diz apenas que está terminando de rever alguns filmes para, finalmente, anunciar os indicados ao prêmio. Enqaunto isso, só nos resta esperar e especular.

Sunday, November 27, 2005

2 em 1

Eu não sou muito fã de quadrinhos, mas um quadrinho é pra mim uma das obras mais geniais da literatura - Asterix. Sim, não hesito em dizer que um Gladiador está no mesmo nível de uma obra do Thomas Mann. A riqueza da obra está nos detalhes, e é neles que é preciso se ligar. Por isso, tenho como regra uma Temporada Anual da Releitura do Asterix, período do ano quando todos os álbuns do anti-herói que importam (pré-Grande Fosso) são relidos. Estou finalizando a Temporada 2005 e algumas modificações fazem-se necessárias na lista dos meus preferidos.

Top 5 Asterix

1. Louros de Cesar
2. Bretões
3. Legionário
4. Caldeirão
5. Córsega

Quanto ao novo Asterix - não li, não gostei e tenho certeza que o Goscinny está se remexendo horrores no túmulo e maldizendo 211 gerações do Uderzo pelo que ele tem feito.

Saturday, November 26, 2005

Ah, a 34!

Duas boas notícias: saiu Noites Brancas, do Dostoievski, com tradução boa da 34. É talvez o conto mais bonito que já li, fugindo um pouco até da temática tradicional do Dostoievski. A outra boa notícia é que a tradução não é do Paulo Bezerra, o que talvez permita a ele sair da bolha agora que não é mais imprescindível.

Que retifica o post anterior

Cometi uma atrocidade. Coisa feia, bem feia. Me esqueci do John C. Reiley. Minha consciência acha motivos - falei de atores B, ele teve um papel de certa relevância no superestimado Gangues de NY. Mas motivos, não há. Portanto, enquanto me chicoteio, me dou chibatadas e antes de me jogar ao lago com um peso amarrado aos pés, peço perdão e retifico a lista anterior. Alguém tem que sair, e tirarei nosso amigo argentino porque, apesar de tudo, ele é mainstream em seu país natal e talvez até na América Latina. E lá vai a lista nova.

Top 5 Atores Lado B

1. John Turturro
2. Philip Seymour Hofman
3. John C. Reilley
4. Willian Macy
5. Steve Buscemi

O pânico, o vômito

Estava pensando em uma hipotética entrevista que daria para um daqueles suplementos bobos de jornal, aquelas entrevistas com perguntas e respostas rápidas. Não cheguei a imaginar o porquê da entrevista, mas isso não vem ao caso. Quando chegou na pergunta "Ator" comecei a titubiar. Não responderia Bill Murray, claro, porque além de óbvio é meio estranho, o cara tá acima disso. Então comecei a pensar em nomes e vi que todos - sim, todos! - que eu pensei são atores B, do tipo que faz papéis coadjuvantes ou estrela filmes menores. Quem é Al Pacino diante de um Willian Macy? Não, não se trata de uma escolha baseada em critérios técnicos apenas. Mas eu ainda não consegui entender os critérios.

Top 5 Atores Lado B

1. John Turturro
2. Philip Seymour Hofman
3. Willian H. Macy
4. Steve Buscemi
5. Ricardo Darín

Patrick, um grande especulador

Todo dia, às 12:30 daqui, a Bloomberg passa a abertura da Bolsa de NY ao vivo. Sempre tem alguma empresa que abre o pregão simbolicamente, batendo o martelinho e tal. Normalmente são uns executivos carecas e gordos ou coisa do tipo. Eu não presto atenção, mas resolvi olhar ontem quando falaram que o pregão seria aberto pela Nickelodean. Deveria ter gravado a cena. Em lugar dos executivos genéricos de terno, havia um Bob Esponja - sim, um imenso Bob Esponja, pulando loucamente com o martelinho na mão, abrindo oficialmente o pregão.

Disseram que é o prenúncio de uma grande crise.

Friday, November 25, 2005

Carta a Deus

Querido Papai do Céu,

são 11:23 da noite e eu acabo de passar por um termômetro marcando 33 graus. Olha, Papai do céu, eu queria dizer pro senhor que tem alguma coisa muito errada. 33 graus meia noite? Se possível, corrigir este erro da criação.

Obrigado,

Werner

Wednesday, November 23, 2005

Enloqueceu

O que anda acontecendo com o Dapieve? O cara vem falar dos clipes do Twisted Sisters, fala bem da Kelly Key e agora faz uma coluna com elogios rasgados ao novo disco da Madonna.

É duro admitir, mas o único colunista que presta naquele jornal é o cara do suplemento Ela - João Ximenes Braga. A última coluna dele, sobre os anti-tabagistas serem as pessoas mais chatas do mundo, é genial. Não sei porque o cara está relegado ao caderno de mulher. Talvez por ser bom?

E antes que perguntem, eu não leio o caderno Ela. Leia a coluna dele na internet.

Poseidon´s Creation

Abriu uma locadora aqui no Leblon há poucos dias. Passei lá pra dar uma olhada e entrar de sócio. Um cara me recebeu, perguntou se eu já conhecia a loja, que tipo de filme que eu gostava. Pela minha roupa de trabalho ela foi logo pra parte de lançamentos bobocas, mas aí falei que gostava de...

(Tem pergunta pior do que essa - que tipo de filme eu gosto? Se eu responder "filme bom, oras" o cara me dá um soco. Aí tento explicar e as pessoas sempre dizem "ah, cinema europeu". Não, não. Alguns dos meus diretores favoritos - Kubrick, Coen, Woody Allen, Coppola, P.T. Anderson -, bem, quase todos os meus diretores favoritos são americanos. E algumas das maiores bombas da minha vida são européias. Como assim cinema europeu? Almodóvar, Bergamn, Eisenstein e Monceli são categorizados como "cinema europeu"?. E ainda parece que você é um chato (alguém ali no fundo comentou em voz baixa "mas ele é mesmo!"). Ultimamente tenho evitado as respostas.)

...de filmes bons. E o cara entendeu, muito bem até. Disse que também preferia esse gênero (mas que gênero?), tinha trabalhado no Grupo Estação e agora estava com a locadora. Conversamos um pouco sobre cinema, e ele me perguntou o que eu sugeriria para a locadora, já que ele está montando o acervo. Falei dos italianos, convenci o cara a comprar todas a filmografia do Truffaut, a comprar clássicos, Bergman, cinema latino, os alemães dos anos 70 e russos expressionistas. Montei promoções bizarras de alugar 7 filmes e ficar por uma semana e o cara topou. Semana que vem começam a chegar as belezuras e eu já tenho nova locadora preferida. Voltei feliz pra casa ciente de ter feito um bem danado ao meu bairro. Um dia ainda fico famoso por ter quebrado uma loja Blockbuster e vou dar palestras na França ou ser estrela de fóruns de esquerda.

Se é que alguém lê isso aqui

Magnolia é um filme otimista ou pessimista??? Minha opinião vem depois...

Monty Python, Episódio 28

Tchaikhovisky tocando amarrado a uma saco de estopa. Um teatro renascentista com espadas para falar de calças que emagrecem. A BBC sem dinheiro gravando tudo num apartamento de um casal com cavalos na cozinha. Fish Slaping Dance. Monty Python é a melhor coisa de todos os tempos, disparado, muito disparado, sem ninguém nem perto.

Saturday, November 19, 2005

Venus & Serena

Mais um filme oficialmente indicado ao Tony de Ouro 2005 - Marcas da Violência, do Cronenberg. Bastante bom, e com um final que eu só não digo que é o melhor do ano porque tem o de Flores Partidas que acho que é imbatível.

Wednesday, November 16, 2005

Kellen, verão de 81

Olho pro computador e vejo um papel amarelo onde está escrito "colocar nome nos livros". É o que vou fazer. Não é uma má idéia. Nem que seja pro bem dos sebos, porque é muito mais legal comprar livors com nome e datas. Quando há mais de um então é bônus. Fora o seu.

Galbraith deixou passar essa

Muito antes da Bolha das Tulipas houve a Bolha dos Menires, a verdadeira primeira bolha da história. As pessoas deveriam estudar mais isso e esquecer 29.

Rabujento, comme il faut

1. A crítica do Globo de cinema está uma maravilha. Primeiro o Jaime Biaggio ficou chato e sentimental. Aí ele parou de escrever. Entrou o Bruno Porto, que deveria estar no vídeo Show, e depois um sujeito chamado Rodrigo Fonseca que veio do JB. (Crítico do JB é um termo que designa aquelas pessoas que escrevem sobre filmes fazendo trezentas mil referências a cineastas ou sociólogos franceses e dissecando teses anti-capitalistas e anti-americanas, que afinal são a base de todos os filmes. Cinema social, enganjado, essas coisas. Amam Glauber Rocha e Goddard, e no Brasil são fãs do Claudio Assis). E de repente você olha a página do bonequinho e tem milhares de bonequinhos batendo palma de pé, milhares batendo palma sentado. Banalizaram totalmente o negócio. Malditos. E ainda ficam escrevendo coisas como "melhor filme do ano desde já". Hmpft. Isso deveria ficar restrito a blogs sem importância.

2. Todo vez que aparece alguém no Brasil que faz humor que não usa bordões nem galeira de personagens surge alguém dizendo que é "influenciado por Monty Python". Tá pior que os Beatles. Ou essas pessoas nunca viram Monty Python ou viram demais. Ou alguém acredita que Casseta e Planeta é clara referência Pythoniana? Hmpft.

Spielberg e a teoria do eterno retorno ou Um post cheio de adjetivos

Era Uma Vez no Oeste tem o melhor começo de filme de todos os tempos. Já falei isso, fiz um Top 5 até. Nele entrava o começo de Magnolia. Mas nunca fiz um Top 5 finais de filme. Não o final final mesmo, mas, digamos, os 30 minutos finais. Alguns filmes são bons por inteiro. Laranja Mecânica ou Terra e Liberdade, por exemplo. Do começo ao fim estão lá, redondinhos. Pode até ter um clímax e tal, mas não 30 minutos que mudem a humanidade. E isso não é ruim, pelo contrário. Vale pra livros também - Crime e Castigo é uma nada às avessas, ou um tudo que nunca vai além do tudo. Mas enfim, falava dos 30 minutos finais. A motivação? Magnolia, claro. A partir do discurso do velho. Inclusive aquele estupendo discurso. A música. Tudo dali pra frente é sensacional, espetacular, inacreditavelmente bom, e mais alguns adjetivos aí. E o final em si é perfeito - a música, o discurso sobre as pessoas, o sorriso e pronto, é isso. Save Me. Enquanto alguns estragam tudo nos 30 minutos finais (é, ele mesmo. Caso houvesse um Low 5 A.I. estaria em primeiro. Talvez em todas as posições.), outros fazem deles a redenção do mundo. E o Magnolia nem está em primeiro.

Top 5 Melhores 30 Minutos Finais de Filmes

1. 2001 - Jupieter and Beyond the Infinite. Aquela viagem absurdamente surtada para o nada e aquele final terrivelmente assustador no quarto. Perfeito.
2. Magnolia - do velho pra frente. Com direito a sapos caindo do céu.
3. Apocalypse Now - O filme tem um dos melhores começos e um dos melhores finais. A partir do momento em que eles chegam ao...seja lá o que for aquilo do Cel. Kurtz até o final. Com poesia do T.S. Elliot, pedaços de boi voando, cabeças de soldados rolando, um Marlon Brando balofo e ensandecido, o horror, o horror...
4. Um Convidado Trapalhão - Inesperado, não? Mas aquilo é muito bom. A casa vai se enchendo de espuma, os filhos hippies chegam com um elefante pintado que entra na confusão, o negócio quase vira uma orgia romana à la Diplodocus. E tem o Peter Sellers que sempre vale um bônus.
5. Barton Fink - o subtítulo "Delírios em Hollywood" foi por causa do final. Tem a cena antológica do John Goodman correndo como um louco pelo corredor de um hotel em chamas e aquele final todo é muito surtado. Irmãos Coen como só eles conseguem, com bizarrices, frases geniais e um sem sentido geral que faz todo o sentido do mundo.

1.

Monday, November 14, 2005

Razões para gostar de São Paulo

- 13 graus com leve chuva (ou garoa, como se diz por lá) em novembro.

- Um cinema onde as pessoas que comem pipoca não são bem-vindas pelo barulho que fazem.

- Um poster do Bom Dia, Noite por 5 reais dando sopa. Na porta do cinema onde as pessoas que comem pipoca não são bem-vindas e havia 4 filmes do Truffaut em cartaz.

- Um pub de verdade onde não toca música de night e as pessoas vão pela cerveja boa.

- Yakissoba no meio da Paulista por 4 reais.

- Poder sacar dinheiro no caixa eletrônico da sede do seu banco.

Tuesday, November 08, 2005

Kirsten Dunst

No reino dos sorrisos perfeitos
aquela que sorri com um dentinho torto
mas um só
é a princesa

Saturday, November 05, 2005

Eu sou Bandini

Meu primeiro Fante foi Pergunte ao Pó. Me lembro que estava na fase russa e acreditava piamente que qualquer tipo de literatura que viesse dos Estados Unidos era puro lixo. É verdade que algumas experiências - Hemingway, Mark Twain - me deixaram traumas de difícil superação, mas não podia me fechar completamente assim. E a redenção acabou vindo quando descobri Pynchon com O Leilão do Lote 49. De Pynchon pra Salinger, Fante e Faulkner foi um pulo, e estava descoberta a "boa literatura americana" como disse uma vez um vendedor de um sebo.

Digo isso porque hoje terminei Sonhos de Bunker Hill e fiquei extremamente triste, sabendo que não há mais nada do cara pra ler. Tá, tem uns contos e tudo, mas tudo que poderia ter lido sobre o Bandini já foi. Essa tristeza pós-livros é um sentimento estranho. A primeira vez que a senti foi ao final de Crime e Castigo. Fiquei realmente triste quando acabou porque imaginei que nada no mundo chegasse perto daquilo e eu tinha esgotado o prazer supremo de um livro. Senti isso ao ler todos os Salinger. E agora com o Fante.

(você não sente isso com o Pynchon porque ao terminar o livro já quer começar de novo)

As pessoas lêem Fante pelos motivos errados. Uma vez tinha uma menina gatinha lendo 1933 Foi Um ano Ruim na Travessa e fui lá falar por com ela. Ela disse que estava lendo porque lia muito Bukowski e ele gostava "desse tal de Fante" e então ela foi checar, mas não estava gostando muito. Maldita, desejei que o livro caísse no dedinho mindinho dela. E essa história se repetiu outras vezes.

É isso. Melancolia de sábado de manhã. Chega.

De volta ao colégio

Vou trabalhar em Ipanema. Digo isso não com um sorriso estampado no rosto como deveria mas com uma ponta de tristeza. Sim, estarei a 5 minutos a pé de casa. Posso dormir até mais tarde. Posso chegar muito cedo em casa. Posso andar na Visconde de Pirajá durante o dia, almoçar em casa até.

Mas nada disso me convence. Sentirei falta do Centro. Primeiro por que perco o Metrô. Uma das coisas mais divertidas na vida de uma pessoa (imagino alguém pensando agora "Deus, ele anda precisando fazer umas coisas legais!") é andar de Metrô. Deixarei todos os meus amigos - o Pedro Malan cover, a irlandesa dos livros bons e o meu novo amigo, o literato do BNDES. Tô pensando em fazer uma despedida num vagão com salgadinhos, língua de sogra e essa coisa toda.

Também fico longe do Odeon e do Circuito-Botafogo de cinemas, que fica a 15 minutos do centro mas 30 minutos de Ipanema - esses 15 minutos inviabilizam muita coisa. O Estação Ipanema não é muito legal e só tem dois cinemas.

Por fim, o argumento imbatível - o melhor de se trabalhar no Centro é o CCBB, com a cinemateca, os debates, exposições. Uma pena.

Espero não voltar aos tempos de colégio, quando minha vida se resumia ao Leblon e Ipanema.

Friday, November 04, 2005

Num mosteiro, na Itália

Tenho certeza que no Apocalypse original havi aalguma menção a isso, e era próximo ao fim dos tempo com toda a certeza. Uma lista como essa de mais vendidos de economia e negócios (sic) era uma das trombetas e tal.

1. O Monge e o Executivo
2. Como Trabalhar Para Um Iditoa
3. Freakonomics
4. O Vendedor Pit Bull
5. Chefiar ou Liderar
6. Paixão por Vencer - A Bíblia do Sucesso
7. A Arte da Guerra em Treze Capítulos
8. Gerenciando Vendedores Pit Bull
9. Os 7 hábitos de Pessoas Altamente Eficazes
10. Bem Vindo a Bolsa de Valores


A idéia do veneno do Nome da Rosa nos livros ainda está de pé.