Monday, June 26, 2006

Bubble

Sendo um filme do Soderbergh pode ser qualquer coisa e não me arriscaria e dar qualquer palpite antecipado, mas o trailer é, desde já, o melhor de 2006. Bonecos em construção ou destruição, despedaçados, pedaços de bonecos, olhos de bonecos, pernas de bonecos, cabeças de bonecos, tudo ao som de m´sucia clássico. Bonecos despedaçados (ou em montagem). Apenas isso. Tony de Ouro 2006.

Monday, June 12, 2006

This is the end...

Quando do show do Franz Ferdinand no circo em fevereiro havia dito que havia sido o melhor show de todos os tempo, o Echo & The Bunnymen de 87 no Canecão da minha geração, e que apenas um show poderia ser melhor do que aquele.

Esse show existiu, e foi não no Circo, como imaginava na época numa fantasia romântica com ingressos a 800 reais e casa cheia, mas no Hammersmith Apolo, em Londres, um lugarzinho que é uma mistura de Cine Íris com Odeon - velho, pequeno, dois andares, carpetão velho, organização mínima, crianças bebendo e tudo.

Foram 24 músicas e o orgasmo total na sequência - desde então, A FAMOSA SEQUENCIA BISONHAMENTE BOA - Street Spirit, Paranoid Android e Myxomatosis com um Thom York insandecido no palco. Ah sim, ele estava a uns 5 metros de distância (o Jonny Greenwood estava uns 300kms distante, olhando pra todo mundo com um "eu toco mais que todos vocês. Juntos.")

Isso oficialmente decreta minha aposentadoria de shows. Não há mais motivação para nada.

Tuesday, June 06, 2006

Sobre livrarias

Os franceses sabem fazer livrarias. A Inglaterra é dominada pelas grandes redes, Sicilianos e Saraivas de lá, com luzes brancas, prateleiras de todos os tipos de livro e vendedores que nada sabem sobre o que vendem. Tudo bem que é barato pra cacete, mas sem charme, o que tira a graça.

Na França também há as grandes redes, mas há inúmeras pequenas livrarias bastante interessantes. Uma delas, a Village Voice, se sobresai. Foi lá que vi um francês comprar um livro do Veríssimo, o que quase levou o Lucas as lágrimas - não, ela não se sobressai por isso. Foi lá que gastei boas horas e descobri livros interessantíssimos. Minha idéia era comprar apenas algumas lacunas de coleção, livros que precisava ter em inglês - Salinger, Fante, McEwan (Veríssimo? Não, não fui eu. Nem o Lucas, a não ser que fosse um laranja dele).

Eu havia conhecido o livreiro de lá em um jantar na casa de um americano (post a seguir), e o cara conhecia bastante coisa. Perguntei sobre a literatura francesa dos últimos 20 anos e ele me desencorajou a comprar qualquer coisa. Um francês que diz que não há nada que preste na literatura francesa nos últimos 20 anos é alguém pra ser levado a sério. Acabei levando uma recomendação bizarra mas que parece interessante - Life A User´s Manual, de Geroge Perec. Esse cara escreveu um livro inteiro sem a letra i. Mas não esse, esse é um tijolão bizarrão, o cara me recomendou dizendo "quem gosta de Arco Íris da Gravidade vai adorar isso aqui". Fora isso comprei também o The ManWho Was Thursday, que ainda não havia lido, e é engraçadíssimo, belo exemplo de literatura britânica com aquele senso de humor característico.

A Village Voice é só uma em meio a várias livrarias interessantes de Paris, nada de grandes cadeias e livros ade auto-ajuda e administração mas pequenos lugares com vendedores que conhecem literatura. Mas pra não cometer injustiça completa com Londres, lá tem um sebo muito bom, cujo dono é um agente contratado pelo governo para ser um inglês velho mais clichê de todos os tempos. Lá havia um Gravity´s Rainbow por 1,8 pounds e um Black Dogs do McEwan pelo mesmo preço, o que causa uma certa estranheza dada a diferença de tamanho entre os dois. Mas os dois muito baratos, sem dúvida.

E sim, acabei comprando um livro numa mega rede de livraris inglesa com luzes brancas, e um best-seller - A Short History of Tractors in Ukrania. O nome é muito bom, a capa é irada, era baratinho, fácil de ler em trens e aeroportos e recomendado pela Economist - confesso que o que me levou a comprar foi a recomendação. E o livro é bonzinho até para um best-seller, bem escrito e com humor tipicamente local. É preciso levar em conta as diferenças entre o povo britânico e o brasileiro.

...

Repousava em paz, sim, paz absoluta, como não deveria deixar de ser. Uma breve excursão aos confins do mundo celta e o mais magnífico elixir da vida - preta, cremosa, uma coisa.

Mas repousava. Dois assassinatos me trouxeram de volta dos mortos, como Brás cubas, que não voltou mas é um bom exemplo.

O primeiro é a adaptação pro cinema (sic) do Pergunte ao Pó, do Fante. Trailer ruim, um Bandini totalmente nã-Bandini, o filme cnetrado no romance. Uma imensa porcaria, desde já candidato ao título de pior filme do ano. Estava pra ganhar o título com antecedência quando vi o segunod assassinato. Estava lá, na escada do Estação Ipanema. De longe jurei reconhecer a torre. De perto vi que era o cartaz de um filme chamado Bloom. Com aquela torre, esse nome, as roupas de 100 anos atrás, não tinha como não ser. Com Stephen Frea no elenco, é a adaptação do Ulysses pro cinema (sic). Deve ser de uma medonhidade impressionante. Posso imaginar um filme dividido em diferentes formatos. Podiam dar um pedaço pra cada diretor - um pedaço Dogma, um iraniano, um chinês, um do Godard...

Em protesto, mudarei de calçada sempre que passar em algum cinema em que o filme esteja em cartaz. E cuspirei no chão, é uma boa idéia.