Wednesday, November 16, 2005

Spielberg e a teoria do eterno retorno ou Um post cheio de adjetivos

Era Uma Vez no Oeste tem o melhor começo de filme de todos os tempos. Já falei isso, fiz um Top 5 até. Nele entrava o começo de Magnolia. Mas nunca fiz um Top 5 finais de filme. Não o final final mesmo, mas, digamos, os 30 minutos finais. Alguns filmes são bons por inteiro. Laranja Mecânica ou Terra e Liberdade, por exemplo. Do começo ao fim estão lá, redondinhos. Pode até ter um clímax e tal, mas não 30 minutos que mudem a humanidade. E isso não é ruim, pelo contrário. Vale pra livros também - Crime e Castigo é uma nada às avessas, ou um tudo que nunca vai além do tudo. Mas enfim, falava dos 30 minutos finais. A motivação? Magnolia, claro. A partir do discurso do velho. Inclusive aquele estupendo discurso. A música. Tudo dali pra frente é sensacional, espetacular, inacreditavelmente bom, e mais alguns adjetivos aí. E o final em si é perfeito - a música, o discurso sobre as pessoas, o sorriso e pronto, é isso. Save Me. Enquanto alguns estragam tudo nos 30 minutos finais (é, ele mesmo. Caso houvesse um Low 5 A.I. estaria em primeiro. Talvez em todas as posições.), outros fazem deles a redenção do mundo. E o Magnolia nem está em primeiro.

Top 5 Melhores 30 Minutos Finais de Filmes

1. 2001 - Jupieter and Beyond the Infinite. Aquela viagem absurdamente surtada para o nada e aquele final terrivelmente assustador no quarto. Perfeito.
2. Magnolia - do velho pra frente. Com direito a sapos caindo do céu.
3. Apocalypse Now - O filme tem um dos melhores começos e um dos melhores finais. A partir do momento em que eles chegam ao...seja lá o que for aquilo do Cel. Kurtz até o final. Com poesia do T.S. Elliot, pedaços de boi voando, cabeças de soldados rolando, um Marlon Brando balofo e ensandecido, o horror, o horror...
4. Um Convidado Trapalhão - Inesperado, não? Mas aquilo é muito bom. A casa vai se enchendo de espuma, os filhos hippies chegam com um elefante pintado que entra na confusão, o negócio quase vira uma orgia romana à la Diplodocus. E tem o Peter Sellers que sempre vale um bônus.
5. Barton Fink - o subtítulo "Delírios em Hollywood" foi por causa do final. Tem a cena antológica do John Goodman correndo como um louco pelo corredor de um hotel em chamas e aquele final todo é muito surtado. Irmãos Coen como só eles conseguem, com bizarrices, frases geniais e um sem sentido geral que faz todo o sentido do mundo.

1.

2 Comments:

Blogger Unknown said...

Jovem, um top 5 para ser aplaudido de pé, longamente, com gritos de "Bravo!" e "Author! Author!" Justo - "2001" e "Magnolia" sao inevitaveis - e ainda assim surpreendente, com a grata presença de "Um convidado bem trapalhao" e "Barton Fink" ("Look upon me! I'll show you the life of the mind!", indeed). Enfim, nao tem nem o que comentar, isso aqui é so puxaçao de saco mesmo. Brilhante.

11:02 AM  
Blogger Pedro Eboli said...

Concordo com o Sr Murtinho. Uma seleção impecável. Outro dia vi uns 30 minutos finais que emocionaram muito, que realmente elevaram o filme acima do mediano - são os 30 minutos finais de Elizabethtown (a partir dos discursos dos parentes e amigos no funeral, passando pela roadtrip com o mapa especial, até o fim). Apesar de não serem 30 minutos dignos de um top5, são um bom exemplo.

Falta agora um top 5 de melhores cortes finais de filme. É uma coisa difícil, saber cortar o filme na hora exata. Aquela hora que você vibra com a entrada dos créditos. Exemplos recentes: Flores Partidas e Marcas da Violência.

12:15 PM  

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