Friday, February 24, 2006

Vini, vidi, vici

Esqueçam Echo & The Bunnymen no Canecão em 87. Esqueçam Nirvana no Hollywood Rock em 93.

Franz Ferdinand no Circo Voador.

Wednesday, February 22, 2006

Nevermind the bollocks

Arte engajada me dá arrepios. Não costuma ser bom. Tipo o comunismo. Tipo o U2. Pior show do ano fácil. E Bono Vox é o mala do ano com honras.

Minhoca de Ouro

Um dos prêmios que pensei pro Tony de Ouro uma vez foi o "Troféu Robert de Niro". Seria o prêmio dado a alguém que tivesse decaído horrores, como o ator que deu nome ao prêmio - o cara já brilhou no Taxi Driver, no Poderoso Chefão, e agora faz comédias horrorosas em papéis ridículos. Não aceito desculpas de cansaço, falta de saco ou qualquer coisa do gênero. É decadência mesmo, talvez ele mesmo diria "e se, por Zeus, eu quiser decair?" ao ser perguntado a respeito. Decaia, está no direito, mas é triste.

Alguns ganhadores do "Troféu Robert de Niro" são fáceis de apontar - Coppola, Al Pacino (síndrome de Poderoso Chefão?), Stalone, bons atores europeus que se aventuram por Hollywood e se contentam com os papéis clichês de estrangeiros, Tom Hanks (de clássicos dos anos 80 a parceiro do Spielberg), o próprio Spielberg.

A melhor explicação para isso é a Teoria da Antecipação de Forças (TAF). A TAF prega que todo mundo tem um número X de pontos que pode gastar na vida toda em diversos aspectos. É possível, para alguns, fazer uma escolha temporal de como gastar esses pontos. No caso dos Robert de Niros, eles gastaram quase tudo que tinham direito de boa atuação, ou de direção, de uma vez, e agora sobrevivem com alguns sopros de pontos que sobraram, o que não permite grandes coisas. Alguns não decaem, mas esse são os que possuem pontos suficientes para fazer grandes coisas a vida inteira. O Kubrick, por exemplo, tinha tantos pontos que poderia ficar uns 200 anos fazendo filmes que manteria a qualidade. Um problema das pessoas assim é que o mundo não comporta grandes antecipações de pontos - se ele gastasse tudo de uma vez haveria um problema muito sério no universo, e o máximo que se comportava para ele era um Laranja Mecânica ou um 2001.

Eu temia pelo PT Anderson, mas me parece que ele não antecipou os pontos deles pro Magnolia e continuará fazendo grandes coisas (embora ele mesmo admita que nunca fará nada tão bom quanto Magnolia, ele tem boa noção dos pontos a serem gastos e tal).

Há algumas derivações em cima disso. Pensei também no "Troféu Tim Robbins" - como diabos o cara pode fazer coisas brilhantes para em seguida fazer porcarias sem tamanho? Não há a menor constância na carreira dele.

Tem o "Troféu Spielberg", meio óbvio, de pior final. O "Troféu Era Uma Vez", de melhor começo, cujos premiados foram "Europa" e "Apocalypse Now".

Esses prêmio começarão a ser dados ano que vem. Ainda dá pra pensar em mais alguns.

Friday, February 17, 2006

Extraordinary Machine

Em priscas eras, quando ainda nem gostava tanto de cinema, o primeiro filme que realmente chamou minha atenção e me fez olhar para o diretor foi Balconistas, de Kevin Smith. O filme é, basicamente, um grande nada, mas talvez o melhor grande nada já feito no cinema. Se bem que tem o Grande Lebowski...bem, um dos melhores grande nada da história do cinema (Top 5? Alguém?). Uma loja de conveniência, uma vídeo locadora, 2 caras, 2 traficantes de drogas lá fora, e praticamente todo o filme passado assim. E é em PB. Barato, simples. Mas o genial são os diálogos e atitudes dos personagens. Na época do filme eu tinha uns 14 anos e estava meio dividido entre o lado cool e lado nerd da força, e ele foi um dos fatores que iluminaram
meu caminho - sim, aquilo era genial tinha diálogos ótimos sobre as coisas mais nerds do mundo, e fora eu quase ninguém gostou.

Depois vieram outros filmes dele, alguns legais até mas no final o cara se perdeu com o Dogma e daí em diante foi tudo ruim. Ontem revi Chasing Amy e é bem legal, nem me lembrava direito dele. Não é tão genial quanto o Balconistas mas estão lá os diálogos surreais e acontecimentos bizarros de sempre. Em tempos de amor gay no cinema, um amor entre um cara e uma lésbica.

Kevin Smith, por algum tempo, foi o cara.

Extraordinary Machine

Em priscas eras, quando ainda nem gostava tanto de cinema, o primeiro filme que realmente chamou minha atenção e me fez olhar para o diretor foi Balconistas, de Kevin Smith. O filme é, basicamente, um grande nada, mas talvez o melhor grande nada já feito no cinema. Se bem que tem o Grande Lebowski...bem, um dos melhores grande nada da história do cinema (Top 5? Alguém?). Uma loja de conveniência, uma vídeo locadora, 2 caras, 2 traficantes de drogas lá fora, e praticamente todo o filme passado assim. E é em PB. Barato, simples. Mas o genial são os diálogos e atitudes dos personagens. Na época do filme eu tinha uns 14 anos e estava meio dividido entre o lado cool e lado nerd da força, e ele foi um dos fatores que iluminaram
meu caminho - sim, aquilo era genial tinha diálogos ótimos sobre as coisas mais nerds do mundo, e fora eu quase ninguém gostou.

Depois vieram outros filmes dele, alguns legais até mas no final o cara se perdeu com o Dogma e daí em diante foi tudo ruim. Ontem revi Chasing Amy e é bem legal, nem me lembrava direito dele. Não é tão genial quanto o Balconistas mas estão lá os diálogos surreais e acontecimentos bizarros de sempre. Em tempos de amor gay no cinema, um amor entre um cara e uma lésbica.

Kevin Smith, por algum tempo, foi o cara.

Wednesday, February 15, 2006

Morte aos caranguejos

Sonhei com Arthuro Bandini. Ele era grande, muito maior do que, estava vestido com uma bandeira americana e tinha uma espingarda na mão. Eu estava em meio a caranguejos. Ele atirava nos outros caranguejos, perto de mim, e gritava "como eu, o grande Arthuro Bandini, maior personagem da literatura do século XX, nao apareço no seu Top 5 de livros?"

Realmente errei. Não sei se serei perdoado pelo Grande Bandini, mas refaço meu Top 5 - agora um Top 6.

Top 6 Livros

1. Arco Íris da Gravidade - Pynchon
2. Crime e Castigo - Dostoievski
3. Franny and Zooey - Salinger
4. Espere a Primavera, Bandini- Fante
5. O Estrangeiro - Camus
6. Reparação - Ian McEwan

Não deixe o samba morrer

O Armazém Digital Leblon é um cinema estranho. Apesar de ser ao lado de casa, nunca tinha ido pela absoluta falta de filmes bons passando por lá. Nem unzinho que prestasse nos últimos 6 meses. Aí resolveram passar Syrena, que parecia um filme assistível, e fui lá.

A estranheza do cinema começa pelo fato de ser num shopping, e num shopping estranho também. Era de decoração, virou de alguma coisa agora que ainda não entendi. É frequentado por velhos ricos que costumavam ir ao Fashion Mall. Tem uns restaurantes yuppies e a livraria Armazém Digital, que é uma porcaria. Tinha algum lançamento de livro lá ontem e consegui roubar uns salgadinhos e uma taça de um espumante muito ordinário. Aí fui num japonês daqueles de esteira pra comer um pouco. sim, foi uma atitude yuppie, mas estava lá mesmo e não podia ser de outra maneira.

E o cinema. Além de star numa porcaria de livraria - luz branca, vendedor ignorante e público idem, entre outras coisas - ele tem lugares numerados.

Uma vez li em algum lugar que o comunismo é uma conspiração internacional pra chatear o mundo. Tudo comunista é chato, chato até dizer chega. Vide o Niemeyer.

O que dizer de um cinema com lugar marcado? Não chega a ser um cinema comunista, mas é quase. Parece coisa regulada pelo estado. As pessoas chegam e procuram o lugar marcado, é horrível. Todo mundo chegando em cima da hora e tal. Horrível. Cinema comunista! Malditos.

Ah sim, o filme não é de todo ruim. Um 3.

Tuesday, February 14, 2006

Dos problemas da benevolência

Tenho ouvido bastante os álbuns do Franz Ferdinand por conta do show. É a única banda dessas novas que eu tentei ouvir que tem algum valor. O segundo álbum é mais ruinzinho e pasteurizado, até o forte sotaque escocês do cara não é mais tão escocês, mas o primeiro é legal. É impressionante o modo como o álbum começa. São 4 músicas excelentes em sequência. Depois até perde um pouco o foco e fica meio ruinzinho, mas as 4 primeiras já fazem o álbum valer a pena. Trata-se de uma sequência dessas históricas, e acho que merecidamente entra num Top 5 sequências (a maior sequência da história é o Tommy, mas acho que um álbum inteiro não vale).

Top 5 Sequências de Músicas em um álbum

1. Optimistic - In Limbo - Idiotque - Morning Bell (Kid A, Radiohead. Também conhecida como A Grande Sequência)
2. Finest Worksong - Welcome to the Ocupation - Exhuming McArthy - Disturbance at the Heron House - Strange - It´s the End of the World As We Know It (Document, REM)
3. Mean Mr. Mustard - Polythene Pam - She Came in Through the Bathroom Window - Golden Slumbers - Carry That Weight - End - Her Majesty (Abbey Road, Beatles. Essa é uma sequência mesmo, literalmente, o que é genial)
4. Thick as a Brick I - Thick as a Brick II (Jethro Tull. Sequência teoricamente de uma música só, mas vale)
5. Jaqueline - Tell Her Tonight - Take Me Out - The Dark of The Matinee (Franz Ferdinan. Início arrebatador, pena que cai muito depois)

E já que tem um Top 5 vou refazer outro também, o de livros. Tem o Salinger e o McEwan que não circulavam por aí antes.

Top 5 Livros

1. Arco Íris da Gravidade - Pynchon
2. Crime e Castigo - Dostoievski
3. Franny and Zooey - Salinger
4. O Estrangeiro - Camus
5. Reparação - Ian McEwan

Monday, February 13, 2006

Voltando a viver

O Lucas andou falando mal do Clap Your Hands Say Yeah e eu concordei bastante, a banda é bem ruinzinha. Muito fraca. O vocal então é terrível. Aí tentei ouvir o Artic Monkeys, a nova super sensação mundial mega plus, e achei terrível também, ingênuo, bobo, ruim (apesar da primeira música ser bem boa). Acho que a verdade é que o chato sou eu, talvez uns anos atrás eu gostasse. Estou com esse problema com música e tudo.

Mas há esperança. Comprei ingressos pro Franz Ferdinand no Circo e aí fui ouvir a banda. Gravei os cds, comecei a ouvir, e é bom até. As 4 primeiras músicas do primeiro álbum são assustadoramente boas, e embora fique piorzinho depois é a primeira vez em tempos que uma nova banda mexe com alguma coisa em mim. Acordei com vontade de ouvir hoje e acabei me atrasando um pouco porque tive que completar as 4 primeiras antes de sair de casa. Já é alguma coisa.

Motivos para gostar de São Paulo

Comer o melor sanduíche de mortadela do mundo 6 da manhã no mercado municipal após uma noite de bebedeira homérica.

Os Vips, a volta

Já há o primeiro candidato a melhor do ano - Match Point. Virou convenção dizer em seus últimos filmes que ele tinha voltado a ser o que Woody Allen e tal. Aqui não concordo. Acho que não é uma volta, mas uma ida. Ainda não posso emitir opinião certa a respeito do filme por causa da regra dos 7 dias de ruminamento mental, mas não ousaria dizer que está no Top 3 do cara. Referência ótima ao Crime e Castigo mas até melhor, porque o espectro do livro permeia o filme que, porém, vai além. E ainda tem o bônus Londres. E a Scarlet, sim, a Scarlet...

No curto prazo vejo uma ameaça apenas, o novo do Gondry. Causou uma certa sensação em Berlin. Apesar de o Lucas sustentar que um bom diretor de clips não é um bom diretor de cinema, acho que o fato de ele ser um dos caras mais inventivos nos clips ajuda a fazer coisas legais no cinema. Veremos. Brilho Eterno é legalzinho, mas não passa disso.

Tuesday, February 07, 2006

O Brilho de Bill Murray

Da Veja

Programado para o início de janeiro, foi finalmente realizada semana passadan no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a cerimônia de divulgação do Tony de Ouro de 2005. O atraso de deveu a uma liminar pedida pelo advogado de Steven Spielberg no Brasil. Após um período de muita discussão, o próprio diretor retirou a liminar ao saber que o criador do Tony de Ouro havia elogiado sua última obra, Munique. Diz-se que, ao saber do fato, o criador de Tubarão chorou.

Fato é que a cerimônia transcorreu ao largo das brigas jurídicas. Estavam lá várias personalidades do cinema e alguns ganhadores de prêmios passados - PT Anderson, Lukas Moodysson e Sofia Coppola. Bill Murray foi o convidado de honra, o que foi visto, com razão, como um prenúncio do que estava por vir. Na entrada um pequeno grupo, liderado pelo cineasta (sic) Claudio Assis, protestava aos gritos de "marmelada" e "vendido". Ao chegar, Tony sorriu e ofereceu um cachorro-quente a eles. Uma menina aceitou e pediu também uma Coca-Cola. Ganhou uma Pepsi Twist.

O apresentador John Cleese entrou no palco com seu tradicional Silly Walk e depois desfilou uma série de piadas do genuíno humor britânico, que não foram entendidas por todos. Os que não riram foram retirados da festa e substituídos por sósias de Steven Spileberg. O inusitado incidente foi explicado como mais uma pitada de humor britânico. Tony Azevedo, criador e único votante do prêmio, apareceu então de bermudas e tenis com meia para anunciar os vencedores. Este ano a novidade seria o Tony de Ouro para o melhor livro do ano.

As apostas para o Tony de Ouro de 2005 recaíam sobre Steve Zissou e Old Boy, e acabou sendo o primeiro o ganhador. Bill Murray subiu ao palco pela segunda vez (antes subira para receber o prêmio por Encontros e Desencontros) representando Wes Anderson e agradeceu dizendo ser uma honra receber um prêmio de verdade pela segunda vez e que se sentia parte importante desse prêmio após a declaração de Tony de que "sem ele, o filme não seria metade do que é".

Em seguida foi a vez do prêmio de melhor livro. Tony disse que o vencedor era um dos grandes autores descobertos por ele nos últimos anos e que se sentia feliz por dar o primeiro prêmio de literatura a ele. Dito isto, saiu do palco e deu lugar a Ian McEwan, autor inglês que recebeu o prêmio por Reparação. O autor estava radiante e disse que este era o único prêmio recebido por ele por esse livro, o que o tornava ainda mais especial. Tony ressaltou que é raro dar prêmio a um livro ou filme que passa a figurar em seu Top5.

Ao final mais uma surpresa - o tradicional arremesso de tomate a fotos do Spielberg que encerrou as premiações anteriores foi substituída pelo arremesso de ovos em bonecos do Peter Jackson, o que irritou alguns dos presentes mas não diminuiu o brilho da festa.

Monday, February 06, 2006

É mídia

Sempre vou a praia no mesmo local. Nos idos de 2003, procurava uma barraca que vendesse cerveja a 2 reais e achei a Barraca do Fabinho. O cara topou na boa e foi gente boa, então passei a ir por lá. Co o tempo, as coisas começaram a melhorar. Primeiro ele arrumou um isoporzinho que enche de cerveja e evita ficar pedindo o tempo inteiro. Depois arrumou o "Disque-Fabinho" - saio de casa e ligo pra ele reservar cadeira e barraca. Por fim, o acontecimento genial no último sábado. Estava bebendo na praia e ao escurecer ia migrar pra algum outro bar para mais alguns chopps. Estava quente e resolvi perguntar se ele não se importaria de ficarmos por á enquanto ele arrumasse a barraca e guardasse as coisas. Ele topou, recarregou o isopor com cerveja até o talo e o resultado foi que fiquei na praia até quase 10 da noite. Banho noturno e cerveja ao luar são perfeitos.

Dom Lázaro ou "Eu quero melão!"

O Spielberg renasceu. Sim, eu estou admitindo que o até então pior diretor do mundo fez um bom filme. Ao invés daqueles planos longos, chatíssimos, câmera na mão e edição ágil. Ao invés da fotografia feijão-com-arroz, uma coisa ousada e legal. Sangue na tela jorrando de uma holandesa linda e nua (e depois, morta), massacre de pessoas. Faltou uma trilha sonora bacana, mas aí já é pedir demais e deixa o Williams fazer a coisa pasteurizada de sempre mas que ganha Oscar. Não vai mudar minha vida, mas valeu um 3,5 o que já é um negrito, o que o Spielberg não recebia desde...hmmmm...desde muito tempo. Talvez desde Tubarão.

Mas não me fez sair transtornado do cinema. Digo isso por causa de 2046 - esse sim um filme sólidamente bom (um 4), o melhor de 2006 até agora. Saí do cinema meio transtornado. Fui ver no Arteplex e seria um sessão dupla, que dizer, foi uma sessão dupla, mas o intervalo acabou sendo maior do que o esperado. Saí pensativo, fui pro café do Arteplex, comprei uma garrafa de vinho e fiquei meditando por umas duas horas enquanto Baco me trazia as respostas. Bendito o filme que faz isso, os raros Filmes Que Você Sai Transtornado (FQVST). São aqueles filmes que rendem discussão infinita, textos, e você fica se lembrando, articuladno teorias, acaba vendo de novo e de novo. O FQVST por excelência é Magnolia, talvez o único filme que eu tenha visto no cinema genial. Não estava sozinho, o que atrapalhou o pós-filme pois a pessoa que estava comigo achou o filme chato e longo (e quase apanhou), mas o impacto durou semanas e eu acabei revendo no cinema mesmo. Teve o Apocalypse Now Reduz na sessão histórica de meia-noite no Oedon, mas esse é meio roubo, não sei se vale contar como FQVST.

Um filme candidato total a FQVST é o novo Woody Allen, Match Point. Tentei ver na Maratona na sexta mas já estava lotado. Fontes garantem ser dos melhores dele e haver alta correlação com o Crime e Castigo, o que, se bem feito, é espetacular. Seguindo a escolha prévia tão condenada pelo Lucas, é o melhor do ano.