Thursday, June 30, 2005

Me passa a máscara de feiúra?

Um dos melhores livros do Asterix é Helvéticos, e uma das razões para isso são as orgias promovidas pelo Diplodocus, com os malditos helvéticos limpando tudo ("um garfo limpo!), abrindo a janela para entrar ar e tudo. Em Asterix e Os Louros de César há um momento genial do moderno teatro romano, onde em meio a uma algazarra de panelas e gritos um gordo sai gritando "orgias, orgias, queremos mais orgias". É certo que as orgias sempre foram e sempre serão importantes na sociedade. Assim, nada mais justo do que um Top 5 orgias. Vale tudo, filme, quadrinho, o que quer que seja.

1. O "baile de máscaras" do De Olhos Bem Fechados. Foi o que inspirou o post, aliás, porque acabei de rererever o filme. Ia fazer um post sobre o quão foda é o filme, faço depois. Fiquemos com a orgia apenas, com as máscaras de Veneza (há uma loja em Veneza que diz vender as máscaras do filme, com preços que chegam a 100 euros), a música sacra em latim, bizarra, os rituais. Só Kubrick poderia ter criado aquilo daquela maneira.

2. A orgia de Asterix Entre os Helvéticos. Máscaras de feiúra, reclamações contra garfos limpos e uma janela aberta que estava deixando entrar ar puro, queijo derretido para todos os lados, punições, chibatadas, dançarinas, romanos gordos decadentes, pro lago com um peso amarrado aos pés. Tripas de javali na gordura de búfalo...

- com mel?

3. Satyricon, de Petrônio. Livrinho baseado em Nero e sua orgias homéricas. Acontece de tudo, é inacreditável, homem com homem, mulher com mulher, homem com bicho, bicho com bicho, mulher com objetos, vomitos. O ponto alto é quando são servidas vulvas de javali.

4. A Comilança, de Marco Ferrei, filminho de 1974 genial. Quatro homens de meia idade que resolvem cometer suicídio coletivo se trancando e comendo alucinadamente, sem parar - comida e mulheres. É um filme extremamente bizarro mas muito bom, com cenas antológicas.

5. Uma orgia bizarra em O Caso Morel, de Rubem Fonseca. Não me lmebro extamente o contexto, mas era uma parada muito tosca...bem, é Rubem Fonseca.

5. Uma "orgia para viagem" que um romano leva ao ter que sair às pressas da orgia do Diplodocus no Asterix Entre os Helvéticos. Tinha que mencionar isso porque é muito engraçado.

Dois empatados em quinto. Abre-se um precedente. Mas eu tinha que citar a orgia para viagem. Talvez um premio de consolação, honra ao mérito, premio do júri, sei lá. Só não pode generalizar isso.

Tuesday, June 28, 2005

I drink therefore I am

Estou ficando analfabeto em música. Já falei disso uma vez, de como música caiu para terceiro lugar nas minhas preferências, bem atrás de literatura e cinema, e de como isso era invertido, era música em primeiro. Tem acontecido que eu não sei mais o que toca, o que é legal, as bandas novas que estão surgindo, fico deslocado em qualquer papo musical mais novo ou sou o único que não dança o último lançamento de Franz Ferdinand na Casa da Matriz porque sou o único ali que acha que Franz Ferdinand não pode lançar nada porque morreu em 1914.

Decidi mudar isso, bateu uma nostalgia, mudar nem que seja por uma semana. Houve um tempo em que além de conhecer todas as obviedades como Super Furry Animals e Travis e as menos óbvias mas ainda assim comuns como Gorky´s eu ficava correndo atrás de bizarrices totais que talvez nem os pais dos integrantes da banda conhecessem. Estou ouvindo uma delas agora: Death By Chocolate. Eu tinha meus métodos, que iam de leituras do Pitchforkmedia a pesquisas na Amazon naquelas coisas de "quem ouve isso ouve isso também, e isso também...", e foi desse jeito que cheguei nessa banda. Naqueles tempos românticos e inocentes (ahahaha, frase calhorda, picareta,!) era sensacional descobrir uma banda que ninguém mais conhecia e sair espalhando o cd por aí. Death by Chocolate talvez tenha sido minha maior descoberta. Uma banda inglesa formada apenas por meninas, músicas com temas relacionados a doces e cujo cd era no esquema "música-textos-música-textos", com uma vocalista com voz de menina de 12 anos do norte da Inglaterra e teclados à la Jovem Guarda. Uma maravilha. Fez sucesso por um tempinho no meu círculo.

Vou retomar meus antigos hábitos, mas só essa semana. Não é mais a mesma coisa, mas será divertido. Se alguém tiver uma boa dica...

Monday, June 27, 2005

Decepções numa noite quente de inverno

Eu estava preparando um post sobre os melhores atores do mundo, e estava pensando na segunda colocação da lista. A primeira, como todos devem saber, pertence ao Bill Murray, que é uma lenda viva, o melhor ator da história do cinema, um cara sensacional, inimitável, uma particularidade extremamente positiva em todos os filmes que atua, especialmente quando faz o "papel de Bill Murray". O melhor filme do cara é, sem dúvida, Feitiço do Tempo, também conhecido informalmente como O Dia da Marmota, aliás o nome original. Um filme 5, na mesma escala de cincos do Curtindo a Vida Adoidado. Mas esse é o primeiro colocado.

O segundo colocado, até umas horas atrás, já estava decidido - John Turturro. Meu ponto era que ele só participava de filmes legais. Algo como o Johnny Depp, mas bem melhorado. O cara fez vários filmes do Irmãos Cohen - ele foi Barton Fink, ele foi o jogador de boliche Jesus! O cara fez um campeão de xadrez russo amalucado. Ele fez Cradle Will Rock. Ele é foda.

Mas ser foda não garante lugar na lista. É preciso mais. E o principal argumento a favor dele, de participar apenas de filmes legais, caiu por água abaixo quando estava passando em frente a sala de televisão e vi a chamada para A Herança de Mr. Deeds na Tela Quente: "com Adam Sandler, Winona Ryder e...John Turturro". Não pode ser. John turturro fez Mr. Deeds?

Posso ouvir o Lucas falando já "mas o filme é bom, você fica com esses preconceitos, blah, blah, blah...". Sempre possível, bastante improvável. Foi uma flechada no coração. Odeio admitir mas terei que rebaixá-lo para a quinta colocação, talvez a quarta, quem sabe, se ele insistir muito, essas coisas, meu coração não é tão gelado assim. Mas é preciso achar logo um ator para a segunda colocação, que essa ele já perdeu oficialmente.

Saturday, June 25, 2005

Motivos para gostar do Rio de Janeiro - 1

Ir a um lugar no qual você conhece 2 inglesas gatas, um italiano careca correndo atrás de mulatas e um executivo francês da TotalFinaElf, enche a cara de caipirinha, dança música típica do Maranhão e depois vê o amanhecer num boteco entupido de gente, tomando chopp e comendo a melhor pior pizza do mundo, para enfim voltar para a casa cambaleante pelo calçadão da praia do Leblon curtindo o sol nascer.

Friday, June 24, 2005

Fêmea de Cupim

Fraquinho, tadinho
Pro blog moribundo a única coisa a fazer
É tocar um tango argentino

Thursday, June 23, 2005

Pequenos prazeres da vida antiga

Escrever uma carta, longas páginas, colocar no envelope, selar, endereçar, colocar o remetente, levar ao correio, peaar, enviar. Voltar pra casa, talvez tomar um café no caminho de volta, ou um mate se for verão, e esperar ansiosamente, todos os dias, a resposta vindo com o carteiro.

Being Rubem Fonseca

Já é praxe, na ponte-aérea, o avião atrasar. Principalmente quando chove em São Paulo - ou seja, sempre. Principalmente no último vôo da noite. E as pessoas se irritam. E reclamam. E ficam olhando pra cima, com cara de bunda. Ou jogando um simulador de Atari nos seus laptops. Uma vez li um post muito bom sobre o desprezo com as pessoas que não liam. O cara contou como saiu de casa e havia uns operários sentados na calçada olhando por vazio, e que ao voltar, uns 40 minutos depois, estavam todos sentados na calçada olhando para o vazio. E ninguém lia. Operários olhando para o vazio, passageiros irritados com o atraso olhando para o vazio. Desprezo, desprezo.

Dessa vez, porém, foi demais. Havia comprado um Rubem Fonseca para ler no avião, e comecei a ler na sala de espera. Atrasou? Ah, tudo bem, tenho meu livro. Afinal, ia chegar no Rio e acabar fazendo a mesma coisa mesmo - aqui, lá, tanto faz. Mas começou a demorar demais. E eu lendo Rubem Fonseca. Não desgrudava o olho do livro. Já havia lido a última coletânea dele, com 64 contos, muitos que estavam nesse livro, mas não importa, é bom pra cacete, e relia, e lia mais e mais.

Não recomendo a ninguém 2 horas ininterruptas de Rubem Fonseca num aeroporto. Fui sendo tomado por toda aquela atmosfera suja, bizarra, violenta, dos contos do cara. Parece que embarquei na onda mesmo, me tornando um personagem. Enterei no avião com dor de cabeça. Devo ter lançado um monte de palavrões para a aeromoça. Assustei o coitado do executivo estressado do meu lado ao comentar com ele como ficaria a aeromoça com um buraco de panetone na barriga, ou se ela grudaria na fuselagem do avião - pou, pou, pou. Pedi que me chamasse de Mandrake.

Talvez fosse melhor não ter lido nada, ou uma daquelas insossas revistas de negócios...não, pensando bem, não. Prefiro ser Rubem Fonseca do que os bovinos da sala de espera. Mas da próxima vez levarei um Calvino.

Tuesday, June 21, 2005

Motivos para gostar de São Paulo - 3

Após um longo dia de reuniões de trabalho, o fog e a temperatura de 11 graus te convidam para uma Guinness num pub enquanto você espera o último vôo da ponte aérea.

Tomando sol no alto do Everest

Algumas muitas cervejas na praia debaixo de um sol invernal de 40 graus é um programa que te faz pensar nas coisas. Principalmente de jejum.

E lá estava eu na Praia de Ipanema, e após mais uma latinha vi quão cedo ainda era. Chegar cedo tem dessas coisas. Dormir cedo na sexta pode ser bom. O Hotel Everest está lá, paradão, grande, imponente, na frente da praia. Um 5 estrelas de respeito, como dizia um velho conhecido. A piscina é lá no alto, vista bonita, uma bela tarde de sol e cervejas. O Bloody Mary do bar é famoso. E lá fomos. Um plano perfeito. 25º andar. Sentamos nas esteiras, pedimos bebidas. Uma vista impressionante. E mais bebida. E sol. E mais bebidas. Toalhas, sim, claro, precisamos de toalhas. Piscina. Bebidas. Sol se pondo no Maciço da Tijuca. Piscina. Bebidas. Já estava muito bêbabdo. A conta. "Qual quarto?", pergunta o garçom. "Nenhum, não somos hóspedes". "Mas a piscina é só pra hóspedes, senhor". "ah, a gente não sabia". Fazer o que? Pedir pra devolver a água que usamos? Uma boa gorjeta, a solução para tudo no mundo.

A boa era invadir outro hotel, estou bom nisso. Feijoada no Ceasar Park, lá fomos nós. Conseguimos passar pela recepção tranquilamente, mas infelizmente a feijoada já havia acabado.

O auge da minha carreira será tomar sol na piscina do Copacabana Palace. Planos já estão sendo traçados. Mas tudo que preciso mesmo é chegar cedo na praia e algumas cervejas debaixo de um sol invernal.

Motivos para gostar de São Paulo - 2

Chego ao hotel, me instalo, vou encontrar meu primo na casa dele para mais um almoço de domingo na Liberdade. Encontro-o instalando um Home Theatre, testando as caixas de som com Pink Floyd. Toca Summer ´68, excelente música do "álbum da vaca", meio lado B. Comentamos da música, como é boa, desconhecida e tal. Ele comenta que o aparelho também pega rádio. Muda pra rádio. Summer ´68. Ah, claro, deu problema e voltou a música. "Vocês acabaram de ouvir summer `68, do Pink Floyd", diz o locutor. Hein?????? Estava ouvindo essa música do Cd e troca pra rádio e está tocando essa música??? Lindo, lindo... e depois a sequencia foi Focus, The Cure, Yes, e daí fiquei com medo e fomos comer petiscos japoneses e Yakissoba na escadaria do metrô, num programa que inspirou o Motivos para gostar de São Paulo - 1.

Toda Aquela Bagunça Pra quê?

Texto sobre o Bloomsday da Myrela, lá do The Assassination of the Gingerbread Man.

Bloomsday

É sempre no cair da noite que tudo se dá por entendido. Até em um pub apertado, com gente pelas calçadas, Irish Drinking Songs, um bagpiper, talvez. Aí é entendimento em dobro. O rapaz da mesa do fundo se levanta e pede, aos gritos, para a banda tocar Waxies Dargle. Todos a recebem com um certo alvoroço. Palmas, gargalhadas, assobios, ser discreto pra quê? A fumaça dos cigarros forma uma névoa no ar. Mais ao canto, um senhor conta para seu grupo sobre quando ganhou o campeonato de empinadores de pipa no sul da Irlanda e da comemoração que quase não aconteceu por diversos motivos. Amigos animados brindam, um coro de "Cheers!" vibra no ar. O garçom levando uma bandeja de Guinness ameaça tropeçar na bolsa de uma moça desajeitada. É dia de festa, a casa está enfeitada, os fregueses animados. Mais que o usual.Simultaneamente, um jantar acontece. Dois ou três quarteirões acima. Atmosfera tranqüila enquanto os convidados ainda se acomodam. Para quebrar o silêncio, Edith Piaf. Os aperitivos estão espalhados por todos os ambientes do apartamento: foie gras, um assassínio aos gansinhos tão bonitinhos, e algum prosecco, chileno ou australiano, só para as pessoas não ficarem de mãos vazias e de gargantas secas. Impecavelmente vestidas elas conversam. Que 'finesse'. Falam dos filhos que se formaram, daqueles que viajaram ou de como a filha da anfitriã cresceu. Aí as entradas são servidas: Lagosta, depois carpaccio de vitela, um risotto de perdiz, por que não? Os diálogos são inusitados, basta apurar os ouvidos:- Cabernet Sauvignon, 1999, sinta o aroma! Alguém chegou um pouco tarde. Poxa, trouxe flores, mas que delicadeza! "Não precisava!". É claro que precisava! Servem os doces e o café. "Toda aquela bagunça pra quê?", pensará o dono da casa no dia seguinte. Com todo aquele requinte, aquelas pessoas nem sabiam que dia era aquele! E, em questão de minutos, o ambiente se esvazia.

Saturday, June 18, 2005

Pequenas enquetes

Quem é mais legal?

a) Bruce Campbell
b) Vincent Gallo
c) Chevy Chase
d) Mussum

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Qual desses livros você jogaria na cara do Lula com muita força?

a) Arco Íris da Gravidade
b) Ulysses do Houaiss
c) Ulysses da Bernardina
d) O Monge e o Executivo

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Pra escutar no banheiro

a) I´ve Got No Distance Left to Run
b) Lady Madonna
c) The Queen is Dead
d) Karma Police

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Se você pudesse se casar com um movimento se casaria com

a) realismo italiano
b) nouvelle vague
c) expressionismo alemão
d) pornochanchadas de atlantida

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O diretor mais picareta do mundo

a) Winterbottom
b) Lars von Trier
c) Gus Van Sant
d) P.T. Anderson

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O pior disco de 1991

a) Nevermind
b) Blood Sugar Sex Magic
c) Achtung Baby
d) Out of Time

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As respostas dizem muito sobre você. Como aqueles testes de revistas ou do Rio Show que o Lucas tanto adora.

Tuesday, June 14, 2005

Ivan, o Terrível

Não que o roberto jefferson cante bem, não é isso, mas cantar mal é uma qualidade não apreciada pelos contemporâneos - desconfio que nunca tenha sido, mas falo pelo meu tempo e me abstenho de declarações que não posso provar. A grande questão é que os melhores cantores são ruins, ruins mesmo, de faltar voz nos momentos mais altos da música, desafinar, esse tipo de coisa. Toda essa história de maneira correta de cantar, timbres e músicas escritas especialmente para a voz de fulana me dão arrepios. Uma voz é uma voz, é humana, sujeita a emoções e tais, e não um instrumento como prega a maioria. Saber tocar pode ser importante, mas saber cantar não é. Basta ter uma voz interessante, que se encaixe na música, e pronto. Penso em alguns dos meus cantores preferidos - Stuart Murdoch do Belle & Sebastian, Gruff do Super Furry Animals - e são todos uma porcaria pelo que se entende normalmente como bom cantor, mas não são, não é isso, não é assim que funciona. Não troco 5 milhões de André Matos ou Mariah Carey por um Euros Child, e 168 Phil Collins cantando corretamente não fazem um Joe Strummer.

E tudo começou com um café da manhã

Quinta é Bloomsday. Apesar de todo sentimento de culpa por não ter podido comemorar os 100 anos deste dia ano passado na Irlanda, ainda assim fico satisfeito com uma comemoração tropical dos 101 anos, com um evento na Travessa e muita Guinness depois.

Sunday, June 12, 2005

O Golpe do mate

Todo amante de mate sabe que o Mate Leão não presta, é lixo, coisa nociva. E sabe também que o melhor mate do mundo é o da praia, aquele do latão, com um pouco de limão e o chorinho do vendedor. Mas a praia, até então reduto apenas do bom mate, está sendo tomada por vendedores de um mate ruim. Outro dia pedi o precioso líquido mas ao beber senti que havia algo estranho, não era o velho gosto de sempre, mas algo diferente, que me lembrava...o Mate Leão! Desconfiado, perguntei a um vendedor sobre isso, e ele me confirmou que agora há Mate Leão na praia. É ruim, bem pior que o outro, e é preciso ficar atento. Normalmente identifico o vendedor de Mate Leão pela camisa que ele usa - de Mate Leão, óbvio. Mas há alguns civis, em trajes normais, se passando por vendedores de bons mates, e nesses casos é muito difícil separar o joio do trigo. O jeito agora é perguntar antes de comprar.

Saturday, June 11, 2005

E agora para algo completamente diferente

O Lucas escreveu um post sobre o gostar de coisas ruins, que seriam possíveis apenas abrindo uma ou duas torneirinhas de crítica do cérebro. Isso é empulhação, e das fortes. Ultimamente o rapaz vem desenvolvendo um estranho e inexplicável gosto por filmes e livros de qualidade duvidosa. Agora tenta justificar com teorias sobre a chatice de ser chato e chaves de exigência crítica. Tais teorias me lembram da cena dos romanos em A Vida de Brian, possivelmente a melhor cena de todos os tempos do humor - "All right, but apart from sanitation, medicine, education, wine, public order, irrigation, roads, a fresh water system and public health, what have the Romans ever done for us?" Aplicando na teoria do Lucas, seria "tirando o fato dos atores serem horríveis, a direção capenga, a fotografia nojenta, ser mal-filmado (esse ele vai gostar), o final ser nojento, o romance risível e as piadas não terem graça nenhuma, além de eu ter domido na primeira metade, o filme é bom pra cacete!". Hmpf.

Thursday, June 09, 2005

Sem título, em protesto

Um grande ex-presidente do gabão disse certa vez "não pergunte o que sua empresa pode fazer por você, mas o que você pode fazer por sua empresa", e isso semanas antes de declarar em Berlin que era uma rosquinha. Imbuído pelo espírito da frase e animado por uma dose de cappuccino dos bons (referências intrapostuais separam os blogs dos homens dos blogs dos meninos) fui convencido de que deveria ler um livro de direito...

- DIREITO??????????????? MAS COMO?????????

Vai ser bom pro trabalho, acredito. Uma lei. Uma maldita lei. Leitura árida, pra ler no banheiro ou em ocasiões piores. Eu consigo. Mas o que me deixa tenso ainda é não saber se terei que comprar o maldito do livro.

Já tô com vergonha.

Wednesday, June 08, 2005

A resposta para a vida, o universo e tudo mais é...o café!

Um economista inglês de uma universidade menor de lá escreveu um artigo (que eu não consegui mais achar) explicando a Revolução Industrial pelo início do consumo de café na Europa. Para ele, as longas jornadas diárias de trabalhado dos operários, que chegavam a 16 horas e foram fundamentais para o advento e desenvolvimento da indústria, só foram possíveis pelo consumo acelerado de café pelos homens e mulheres desde o final do séc. XVIII, entrando pelo séc. XIX. (Um outro artigo justifica a Revolução Industrial pela chegada do ouro brasileiro ao Reino Unido. Duas explicações passam pelo Brasil - alguém diria "viva nós"!).

A explicação dele pode estar certa, mas apenas em parte. E eu complemento - o café não é só responsável pela Revolução Industrial, mas também pela Revolução Francesa (aliás, podia ser Revolução Britânica ao invés de Revolução Industrial, ou então Revolução Burguesa, Iluminista, Racionalista, Maluca, Da Guilhotina, ao invés de Revolução Francesa. Malditos!), pelas bombas V-2, a ida do homem à lua, a bomba atômica, o afundamento do Titanic (nesse caso a falta de café) e tudo mais que for importante e grandioso. Faltou café e por isso a Alemanha perdeu a guerra. Café a vontade na Califórinia e temos a explosão da Internet.

Claro que por café entende-se todos os seus derivados, como o Cappuccino, do qual sou consumidor assíduio e a quem devo minhas notas na PUC, meu emprego, minhas namoradas e um gol de bicicleta de fora da área que fiz quando tinha 11 anos após ingerência do precioso líquido.

É muito simples. O café é a resposta pra tudo - pra vida, o universos e tudo mais. E pronto.

Em breve lanço meus primeiros livros de café-ajuda- O Café e o Executivo, A Arte do Café ,O Código da Cafeína e Quem Roubou Meu Café?

Tuesday, June 07, 2005

Motivos para gostar de São Paulo -1

Domingo vou pra Liberdade almoçar. Comida japonesa legítima e tal. Estou numa rua e quero chegar numa feirinha que tem várias comidas japonesas legais. Só tem japonês na rua. Resolvo perguntar pra um.

- Oi, você sabe onde é a feirinha, por favor?
- ...
- ?
- Ieu no fala potugues - responde ele com muito esforço

Japonês legítimo. Sensacional. E depois ainda tive umas das melhores refeições da minha vida.

Monday, June 06, 2005

Ensaio sobre a vergonha

Sou um cara tímido e tenho vergonha de um monte de coisa. Ser o centro das atenções como motivo de uma piada em um ambiente lotado, por exemplo. Horrível. A abordagem em mulheres. Difícil. Mas o que me dá mais vergonha creio ser um fato que independe do meu status de tímido: a compra de livros ruins.

Sou razoável. Meu Index particular, coleção de livros probidos por serme ruins, nojentos, mal-escritos e afins, é grande, mas podia ser maior. Tenho paciência até, pena, não sei, de algumas pessoas que lêem umas porcariazinhas que saem, porque, coitados, não conseguem chegar a nada melhor, têm preguiça, mas poderiam. Muita coisa, porém, é imperdoável, entra no Index, e desprezo todo mundo que lê tais livros.

E é quando sou obrigado a comprar um dos livros do Index que passo vergonha como não passo em nenhuma outra ocasião. Amigo oculto, por exemplo: a pessoa pede Código Da Vinci e lá vou eu comprá-lo. Vergonha, vergonha. Acabei desenvolvendo um método para mitigar os efeitos dessas compras malditas. Alguma regras devem ser seguidas:

1. Comprar sempre em livrarias esquisitas, nunca nas que você frequenta. Compras de tal naipe nuna são feitas na Travessa ou na Argumento. Seria o fim. Uma boa pedida é comprar em livrarias de livros jurídicos. Aliás, é um fator determinante para a qualidade das livrarias. Cheia de códigos de direito na capa? É essa mesma, perfeita. A inteligência passa longe dali, e a vergonha é mitigada. A chance do vendedor olhar pra você e pensar "maldito" é quase zero. Isso se o vendedor conseguir pensar...

2. Se for pra pedir pro vendedor, levar um bilhete com o nome do livro. Assim, fica fácil se desculpar de cara dizendo não ser seu o livro - "olha, é esse livro aqui, presente de amigo oculto...". O vendedor já vai pensar de cara que é pra presente. Pode-se até fazer um comentário jocoso em cima da escolha do seu amigo, faz bem.

3. Na hora de pagar fazer questão de dizer, se possível em voz alta para que todos ouçam, que é pra presente. Melhor se embrulhar num papel escuro que impeça que os outros vejam o que se passa dentro do embrulho.

4. Um caso extremo seria na hora de pagar dizer pro livro ruim "esse é pra presente" e comprar junto um Dostoievski e dizer "e esse é pra mim". Depende da inteligência da pessoa para o qual você vai pagar. Se ela conseguir discernir um do outro, ótimo, ponto para você.

Seguir essas dicas mitiga muito a vergonha, embora ela permaneça. A solução ótima é mesmo não ter que passar por essas situações, mas aí é querer demais.

Apele, sim, apele!

Louvável a revista Entre Livros, que foi lançada agora. Trata-se de uma revista de literatura, com resenhas, artigos, lançamentos e por aí vai. E é boa, o que nem sempre é verdade nesse tipo de publicação, pois cpstuma-se pecar pelo esnobismo, pedantismo e afins, o que não tem sido o caso dela. A grande questão é saber se a revista vai durar. As duas únicas edições "apelaram" nas reportagens de capa, a primeira sobre Thomas Mann e esta agora sobre James Joyce. Tá, são assuntos que já se cansou de discutir e rediscutir, mas nunca perderão a validade e é sempre legal ler a respeito. Tem aquela picaretagem toda, como um guia para entender Ulysses capítulo a capítulo, mas é uma picaretagem do bem, como as listas. O problemas é que um dia isso acaba, e a revista pode sucumbir nesse momento. Espero que não. Ainda dá pra apelar com capas de Dostoievski, Proust, Calvino, Borges, Conrad, Salinger, Tolstoi - tomara que aconteça isso mesmo - e aí quando esgotar os autores famosos e a revista estiver por sucumbir, talvez, quem sabe, uma capazinha pro Pynchon, talvez, seria legal, entregar os pontos com muito estilo e ganhar meu reconhecimento eterno.

Thursday, June 02, 2005

A quem é de direito

Outro dia fiz um Top 5 cinemas e maltratei feio o Espaço Unibanco, alijando-o das primeiras colocações. A justificativa era que o cinema envolvia também o programa toda, e o Espaço Unibanco era longe e tal.

Mudei. Muito. Sou volátil, pelo jeito. O Espaço Unibanco foi alçado à liderança do Top 5. Primeiro porque uma ida lá no sábado a tarde é muito legal, incluindo o metrô, que serve pra ficar lendo. E tem ainda o sebo, que é muito bom e tem me trazido grande prejuízos, já falei, toda vez que vou ao Espaço compro 2 livros, um inferno - ou não. Mas o grande lance é que o Espaço é muito charmoso, disparado o cinema mais charmoso do Rio. Tem o Ateliê Culinário naquele saguão gigantesco, um monte de cartazes de filmes espalhados por todos os lados. E ao lado ainda tem a Prefácio que não é lá a melhor das lvirarias mas é ótima para tomar chá. Por fim, tem andado com poucas pessoas após a abertura do Unibanco Arteplex

O que me leva a ele. O Arteplex foi aberto agora, com pompa e circunstância, mas nem é tão legal assim. Meio grande demais, um monte de gente, filas, aquela bilheteria tipo Cinemark que a mulher fala contigo pelo microfone - um horror, um horror - uma livraria legal mas bem corretinha (sou mais sebos nesses lugares) e o cappuccino, bem, o cappuccino não é grande coisa. Um problema. Mas ainda assim é legal pois são 6 salas de boa programaçao, aliás minto, 5 salas, tem uma passando Star Wars e uma sala que passou Star Wars vai ter que passar toda a obra do Visconti para purificar e poder ser chamada de sala de boa programação.

E neste meio tempo ainda passei a freqeuntar o Instituto Moreira Salles (IMS), que é muito maneiro, muito agradável. Ele havia sido negligenciado da outra lista.

Pois bem, o novo Top 5 cinemas do Rio

1. Espaço Unibanco
2. Laura Alvim
3. Estação Ipanema
4. Unibanco Arteplex
5. IMS

Foram alijados o Espaço Leblon e o Estação Botafogo. O primeiro está se transformando num bastião do cinema nacional e, bem, isso não é bom, e o segundo caiu fora porque entre ele e o Espaço ou o Arteplex fico com os últimos. Mas são ambos bons cinemas. Entram no Top 7.