Saturday, November 05, 2005

Eu sou Bandini

Meu primeiro Fante foi Pergunte ao Pó. Me lembro que estava na fase russa e acreditava piamente que qualquer tipo de literatura que viesse dos Estados Unidos era puro lixo. É verdade que algumas experiências - Hemingway, Mark Twain - me deixaram traumas de difícil superação, mas não podia me fechar completamente assim. E a redenção acabou vindo quando descobri Pynchon com O Leilão do Lote 49. De Pynchon pra Salinger, Fante e Faulkner foi um pulo, e estava descoberta a "boa literatura americana" como disse uma vez um vendedor de um sebo.

Digo isso porque hoje terminei Sonhos de Bunker Hill e fiquei extremamente triste, sabendo que não há mais nada do cara pra ler. Tá, tem uns contos e tudo, mas tudo que poderia ter lido sobre o Bandini já foi. Essa tristeza pós-livros é um sentimento estranho. A primeira vez que a senti foi ao final de Crime e Castigo. Fiquei realmente triste quando acabou porque imaginei que nada no mundo chegasse perto daquilo e eu tinha esgotado o prazer supremo de um livro. Senti isso ao ler todos os Salinger. E agora com o Fante.

(você não sente isso com o Pynchon porque ao terminar o livro já quer começar de novo)

As pessoas lêem Fante pelos motivos errados. Uma vez tinha uma menina gatinha lendo 1933 Foi Um ano Ruim na Travessa e fui lá falar por com ela. Ela disse que estava lendo porque lia muito Bukowski e ele gostava "desse tal de Fante" e então ela foi checar, mas não estava gostando muito. Maldita, desejei que o livro caísse no dedinho mindinho dela. E essa história se repetiu outras vezes.

É isso. Melancolia de sábado de manhã. Chega.

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