Monday, January 31, 2005

The Answer, My Friend, Is Blowind in the Wind

Good Vibrations a melhor música pop de todos os tempos?

Pensem:

- É esquizofrênica. Cheia de partes desconexas loucas que de algum modo ficam bem no todo.
- Tem Theremin. Theremin (www.theremin.info) é um oscilador que produz sons eletrônicos inventado em 1923 por um russo maluco. No final tem até um mini-solo de Theremin. Não pode ser ruim.
- Tem frases de uma simplicidade genial. "I love the colorful clothes she wears" e "I´m picking up good vibrations" são ótimas.
- Deixou o cara meio maluco.

É isso. Só uma idéia, ainda sem conclusões.

Enquanto a Bolsa Não Fecha

Deu problema na bolsa, parou a negociação e não tem hora pra voltar. E já faz tempo. Enquanto isso olho pela janela.

Na minha mesa de trabalho tenho vista para a Baía de Guanabara. Vejo a ponte, boa parte de Niterói, e parte do Santos Dumont. Em frente, vejo as barcas.

Taí um meio de transporte muito interessante. Melhor do que ficar preso a um ônibus na ponte, no seu carro - nadar não está em consideração. Bom é flutuar entre as cidades sem que se esteja em cidade alguma. O mesmo vale para o metrô, que vai por baixo. Você está na cidade sem estar.

O Avião também é legal. E mais legal é o avião chegando junto com a barca.

Ao longe, dá pra ver a Plataforma P-48 da Petrobrás sendo finalizada no Estaleiro Ultratech, em Niterói. É um bicho grande pra cacete, e bem imponente. Vai produzir 150.000 barris de petróleo por dia em Campos quando estiver em pleno funcionamento, lá pelo meio do ano.

Mais ao longe, além da ponte, tem a REDUC com sua fumaça e seu fogo, que sai das chaminés. Tem também um terminal da Petrobrás numa ilha. E forçando a vista dá até pra ver a Serra dos Órgãos com o Dedo de Deus.

Enquanto vejo tudo isso penso se será mesmo bom o Willy Wonka do Tim Burton enquanto digo trinta e três e torço para que não seja necessário o pneumatórix.

E nada da bolsa voltar.

Crianças Más Têm Final Triste

Toda regra tem sua exceção, certo?

A regra: refilmagens são ruins, sempre. Quanto a isso não há dúvidas. O cara tenta refazer o que já foi feito muito bem e sempre sai uma bizarrice nojenta, mal feita, sem graça.

A exceção: o filme ainda não saiu, pode ser que eu esteja enganado. Mas não creio. Trata-se da refilmagem de A Fantástica Fábrica de Chocolate, sensacional filme de humor negro dos anos 70 com Gene Wilder fazendo um Willy Wonka malvado que lima criancinhas más e se diverte à beça com isso, enquanto se acaba de ganhar dinheiro com sua fábrica de chocolates com o menor custo do mundo pois utiliza trabalho escravos de pequenos pigmeus que passam lições de moral nas horas vagas e nunca permite a entrada de ninguém, o que inclui a vigilância sanitária e coletores de impostos. É um filme excepcional, um 4,5.

Quando soube da refilmagem pensei que iam estragar mais um filme. Mas depois de ver os detalhes e assistir ao trailer mudei radicalmente de opinião. O diretor é o Tim Burton. Tá bom, o cara tem como ponto baixo da carreira dele uma refilmagem, mas aquilo não conta, até porque o original também não é grandes coisas. A carreira de um diretor deve ser analisada como as notas de esportes olímpicos - o cara tem direito a descatar a pior nota. Portanto, fora com os macacos e a carreira dele é bastante interessante. E, bem, é o diretor certo para esse filme.

O Willy Wonka também não poderia ser outro: Johnny Depp. O pouco que vi de cenas é sensacional. Ele está fazendo um Willy Wonka meio afeminado (especialidade dele?) e muito, muito, muito sarcástico e cruel, comme il faut.

O clima do filme está bem mais sombrio, bem ao estilo Burton. E me pareceu muito maneiro. Nunca acreditei que o original fosse um filme infantil, e talvez tenham tentado relativizá-lo um pouco para tal. Agora, me parece que estão levando o lance mais a sério e periga sair um filmaço melhor que o original e bastante assustador.

E com uma bela lição para crianças pentelhas: façam malcriação e terão um fim bizarro.


Wednesday, January 26, 2005

Entre Camus e a Fundação de S. Petersburgo

É engraçado quando você encontra o que não estava procurando enquanto procurava o que não queria encontrar, e no final não queria que tivesse sido de outra maneira.

Sobre Humores Literários ou O Jardim Das Delícias Terrenas

Como já foi dito em um post abaixo, a leitura de livros se dá pelo momento. Em outras palavras, há um livro certo para o momento. Sempre.

Disse isso para mostrar que muitos livros sào comprados para uma posterior leitura, sem se saber exatamente quando. Basta estar ali, te olhando, e algum dia você se sentirá impelido a lê-lo, e naquele momento ele será o livro de sua vida. Mas é importante que ele esteja ali.

Tão importante quanto o livro em si é o seu humor quando da leitura, e isso define os vencedores na maioria das vezes. Eu tenho alguma teoria específicas.

Livros de fossa são para momentos de fossa. Acho que tal teoria é válida para qualquer coisa de fossa - música, filme e por aí vai. Acabou de acabar um namoro de 5 anos, foi chutado pela namorada? Ama loucamente uma menina que não te dá a mínima? Na sua estante você verá que Os Sofrimentos do Jovem Werther sorri para você. Fossa pede fossa, para que a fossa seja ainda maior, e você se afunde mais e mais e mais. Não se preocupe, depois melhora. Mas na hora é bom.

O contrário, obviamente, é válido. Momentos de alegria pedem alegria, embora neste aspecto eu seja mais cético, até porque livros deste estilo são mais raros e na maioria das vezes piores. Mas bem, isso é teoria, e os pressupostos são de que tais livros existem às pampas e são bons.

Tá pensando demais na vida? Leia os existencialistas. Empolgado com seu trabalho no mercado financeiro? As leituras sobre as grandes crises mundiais ou as biografias de grandes traders são diversão garantida. Momento economista pede livros de ensaios e artigos dos grandes nomes do meio.

Tem algumas coisas mais específicas ainda. Um conceito que adoro é o de Livro do Festival (LF). Um LF é um livro para ser lido durante o Festival do Rio, naqueles intervalos entre alguns dos 5 ou mais filmes que você está vendo no dia. Sozinho no Espaço Unibanco acompanhado de um bom cappuccino, de preferência. São raros os livros que atendem bem esses momentos. E há um autor em especial que é a síntese de LF - John Fante. Talvez eu esteja viesado pelo fato de um Fante ter inaugurado este conceito, mas foi perfeito e a estratégia foi utilizada em mais dois anos diferentes e não decepcionou. O último, Espere a Primavera Bandini, ficou na minha estante por meses à espera do Festival. Sonhos de Bunker Hill estou deixando para o próximo Festival. Sem pressa. Mas já tá aqui na estante.

O local da leitura também é fundamental. Em metrôs e afins devem ser lidos contos. Em casa, no conforto, grandes romances. O Jardim Botânico é o palco ideal para filosofia e história. O Parque Lage pede poesia. Na praia costumo ler autores africanos.

Todos estes aspectos devem ser observados para o total aproveitamento de um livro. Não adianta querer ler Pessoa em pé no metrô ou matar um Dostoiveski na praia porque não vai dar muito certo.

Há inclusive uma teoria forte a respeito da ajuda do humor e do ambiente na leitura de Crime e Castigo, o melhor livro de todos os tempos. Foi lido em uma semana, em Friburgo, no inverno, em meio a muita neblina e frio. Eu estava de férias. Humor e ambientação perfeitos. Síntese perfeita de uma teoria imperfeita.


Pynchon e Salinger Dos Trópicos

Sabem a lenda de que Pynchon e Salinger são a mesma pessoa?

Corre o boato de que o Femea de Cupim (www.femeadecupim.blogspot.com) e o Fase Azul... são da mesma pessoa. Quando um posta, o ouro não posta. De repende, o outro posta frenéticmente e o um para.

Refuto tais acusações. E para provar estou postando. E vou postar mais e mais. E espero que o Lucas continue postando.

Monday, January 24, 2005

O Mercado Cinematográfico Se Agita

MURTONY CONFIRMADO
União dos dois maiores prêmios do cinema mundial agita meio cinematográfico

Folha de São Paulo – Sucursal de Paraty

No salão de uma das pousadas mais caras de Paraty, pequena e simpática cidade turística do Rio de Janeiro, a agitação dos jornalistas era tanta que o calor superava a refrigeração ambiente. Sentados diante de uma mesa, sorridentes e silenciosos, Lucas Murtinho e Antônio Azevedo saboreavam a comoção causada pelo anúncio da união dos dois maiores prêmios de cinema da atualidade, a Murta de Ouro e o Tony de Ouro.

“O primeiro MurTony de Ouro será entregue em breve”, anunciou Azevedo, que se recusou a revelar a data exata da premiação. “Como sempre, o melhor do cinema mundial estará representado entre os vencedores.”

Apesar dos boatos relativos à união dos prêmios, boa parte da indústria descartava tal possibilidade, pois a Murta de Ouro surgiu como concorrente direto do Tony há pouco mais de um ano.

“Nunca houve briga alguma. Tony e eu somos amigos de longa data, e não deixamos algumas poucas divergências sobre cinema atrapalhar essa amizade. O resto é invenção da imprensa para vender jornal. Quarenta e seis”, disse Murtinho, que não explicou a estranha referência numérica.

Os dois grandes nomes da premiação cinematográfica explicaram que uma comissão será formada para avaliar os candidatos e escolher os premiados. Possíveis membros da comissão incluem Pedro Saud e Raquel Tessarolo, mas Azevedo e Murtinho também se recusaram a dar mais detalhes.

Repercussão

No mundo do cinema, a repercussão foi imediata. “Espero que Azevedo e Murtinho finalmente reconheçam meu talento”, falou Steven Spielberg, diretor de AI e O terminal, à FOLHA. “Conheço e aprecio o trabalho dos dois há muito tempo. Tony não responde mais aos meus telefonemas, mas ele deve estar com muito trabalho ultimamente.” O diretor americano continuou falando por mais cinco minutos, terminando a conversa muito depois do tempo devido.

Diretor de A vida é um milagre, favorito a ganhar o MurTony, Emir Kusturica exultou com a notícia. Infelizmente, uma banda de rua estava tocando na sala do diretor no momento da sua conversa ao telefone com a FOLHA, de forma que só pudemos compreender sua satisfação pelos gritos de alegria do outro lado da linha.

Murtinho e Azevedo retornaram ainda ontem para o Rio. Espera-se que mais informações sobre a primeira edição do MurTony sejam reveladas ao longo da semana.

Friday, January 21, 2005

O Nirvana

Almoço 99% dos dias na mesa de trabalho, um olho na comida e outro nas cotações. Hoje, porém, resolvi tomar uma atitude rebelde e saí. Um passeio pelo Centro.

Comecei andando até a Cinelândia com a desculpa de ter que ir ao banco. Interessante olhar os tipos que andam por aqui - jovens engomadinho apressados, aposentados pra quem o tempo passa mais devagar, vendendores ambulantes, turistas. Tem um pouco de tudo, dentro um tudo bastante tudo - as ruas são lotadas.

Na volta, resolvi almoçar no Café Gioconda, cujo slogan deveria ser "famoso por seu cappuccino". Logicamente, o café e o Sebo Beringela são parte do mesmo programa, não podendo ser vendidos separadamente. Comecei pelo sebo.

Entrei, fui direto para a prateleira dos europeus "outros" - exclui franceses e ingleses - e dei de cara com o livro que queria (numa edição bastante interessante da Nova Fronteira): Amores Risíveis, coletânea de 7 contos de Milan Kundera. Comprei e parti pro Café.

Sentei no balcão, claro, que é o lugar onde se senta com um livro. Mesas são para casais, executivos, amigos de trabalho, leitores de revistas. O lugar dos solitários literários é o balcão. O balcão de lá tem inclusive um livro do Zuenir Ventura para isso. Bastante interessante.

Pedi a comida, abri meu livro e saboreei um conto maravilhoso, extremamente bom. Uma bela recomendação da Raquel.

A parte boa, porém, ficou para o final. O cappuccino. O Capuccino. E ele não decepcionou.

Assim terminou um programa perfeito, o nirvana em horário de almoço. Longe das cotações, um passeio, a compra de um ótimo livro, um bom almoço, um ótimo conto e O Cappuccino. Que agora, oficialmente, é o melhor do Rio. Selo Tony de Qualidade.


Wednesday, January 19, 2005

Sobre Livros e Livrarias

Não sei ao certo o que sente uma mulher em uma tarde de compras no Fashion mall, mas acredito ter uma noção pois creio acontecer o mesmo comigo em uma tarde em uma livraria. Não sou muito de comprar roupas, nem carros, nem relógios, nem camisas de futebol. Mas gosto de comprar livros. Muito, aliás. É um dos grandes prazeres da vida.

A compra de livros, porém, é um ritual sagrado, não podendo ser feita sem que pelo menos algumas premissas básicas sejam seguidas, caso contrário se torna uma compra ordinária qualquer, o mesmo que comprar peixe na feira ou detergente na Sendas.

Em primeiro lugar não existe comprar livros pela internet. Bem, comprar qualquer coisa pela internet já é uma coisa esquisita, totalmente impessoal, mas livro é pecado mortal, daqueles que nem o papa tiram. A exceção, logicamente, são livros que não se encontra no Brasil. De resto, é uma possibilidade inexistente, uma idéia que já nasceu morta, nunca foi.

Em segundo, é preciso escolher bem a livraria ou sebo onde efetuar a compra. Livrarias mega-store de shopping, com aquelas luzes brancas, prateleiras de best-seller, livros de auto-ajuda e vendedores que não distinguem um Pessoa de um Sydney Sheldon pertencem ao submundo das letras, são proibidas, domínio de Hades no mundo inferior das livrarias.

É preciso observar também que uma livraria é uma livraria, vende livros, pode vender cds e dvds também, mas nunca outras coisas tais como máquinas fotográficas, televisões, bicicletas, batatas, peixes e etc.

Observadas as restrições, há que se achar o local perfeito para a compra. Os requisitos indispensáveis para que a livraria tenha o Selo Tony de Qualidade ("aprovada por Tony") são uma certa bagunça na arrumação dos livros, bons vendedores, boa seção de estrangeiros, seções especiais e um bom café. Não existe compra sem um cappuccino ou algo mais.

No Rio o grande destaque das livrarias é a Travessa. Local agradável, com boa música, livros empilhados, bons importados, boas seções "escondidas" no fundo da livraria como as mesas de história e de filosofia, um café bom, bons cds e bons dvds e um público bastante interessante. Além disso, fica em frente ao Estação Ipanema, o que garante a dupla jornada perfeita, que consiste em um bom filme seguido por uma boa fuçada na nos livros, finalizando com um cappuccino ou um vinho com uma salada ou sanduíche enquanto se lê a mais nova aquisição. Não pode ser melhor.

Outros destaques positivos são a Argumento, que talvez peque um pouco pelo excesso de arrumação mas tem um café muito bom, a Da Vinci, no centro, ótima em importados e com o melhor cappuccino do Rio ao lado e a livraria que abriu agora em frente ao Espaço Leblon, que também permite as dupla-jornadas e tem uma seção espetacular de DVDs, embora peque um pouco nos livros.

Com os sebos a coisa funciona um pouco diferente. Sebo bom é aquele cubículo entulhado de livros e poeira, onde a grande diversão é passar horasprocurando coisas nas prateleiras e pilhas espalhadas por todos os cantos. O segredo dos sebos é não se saber o que vai comprar, não ter nenhum livro na cabeça, ir mexendo até que sai um monte de coisa interessante e muitas vezes se descobre ótimos autores deste modo.

Nos sebos há ainda o intercâmbio de informações, o que é raro em uma livraria. A maioria do público é formada por ratos de livros, que muitas vezes indicam coisas interessantes e estão sempre prntas para uma conversa.

Achar uma obra rara em um talvez seja o mesmo que uma mulher encontrar um queima de estoque em alguma loja da moda - prazer total.

Já ia me esquecendo: Bienais de livros e eventos afins estão totalmente fora de cogitação.

Mas o prazer dos livros não para na cerimônia de compra, a melhor parte mas não a única. Tirando a parte óbvia da leitura (o que não necessariamente garante o prazer, imagine isso com um Mark Twain!) há a satisfação de ter o livro nas prateleiras de casa, o estágio final do nirvana literário. Achar a seção correta na estante, encontrar a posição adequada nesta seção, é tudo parte do processo. Atualmente divido os livros por país de origem dos autores e sub-divido por anos em que foram escritos, que é uma arrumação clássica e correta mas sempre válida.

Assim termina a epopéia do livro, desde o momento mágico da compra, dentro do ritual descrito, até a colocação final na estante, ficando para a observação e um possível releitura caso seja digno dela. E então já é horar de comprar mais livros, repetindo todo o processo.

Por fim, um detalhe importante: muitos livros são comprados não para uma leitura imediata, mas para uma leitura futura, bastando saber que estão nas estantes para a satisfação. Há livros que se sabe que são bons e necessitam ser lidos, mas cada livro tem seu tempo, que deve ser bem observado. Mas isso já é assunto para outro post que farei em breve.










Tuesday, January 18, 2005

O filme Que Realmente Importa

Dado o recorde de comentários no último post a respeito de 2001, registro o protesto contra todos os hereges que não gostam do filme e preferem lixos impregnadosde SS.

Monday, January 17, 2005

Síndrome de Spielberg

O passado cinematográfico é facilmente apagado pelo presente, o que justifica o fato de eu não gostar do Spielberg. Diretor de bons filmes em um passado remoto, tais como Indiana Jones e E.T., o cara foi se perdendo com o tempo, fazendo pérolas da medíocridade. O pior deles foi A.I. e um dos motivos para ele ser tão ruim foi o final não final - terminar o filme muito, muito, muito tempo depois do que deveria. E isso é fator comum nos filmes do Spielberg, tão comum que levou à criação da Síndrome de Spielberg (SS).

A SS é a mania de explicar coisas, se alongando normalmente no final, digerindo tudo para que espectador não saia do cinema pensando muito no filme e possa comer sua pizza depois sem ser importunado por filosofias explicativas por parte de seus amigos. É a coroação do "cinema é a maior diversão", mas podia também ser a coroação do "não quero pensar muito". Coisa de diretor ruim. Coisa também de quem subestima a inteligência de seu público.

Há um velho debate sobre se a oferta faz a demanda ou se a demanda faz a oferta. Spielberg parece acreditar no segundo caso, crendo que a demanda do público é por filmes bobos auto-explicativos. Kubrick seria o melhor representante do primeiro caso e, Spielberg deveria saber disso, nem por isso era um diretor pequeno, de gueto, restrito a pequenos círculos intelectuais franceses chatos. Ele criou sua própria demanda, fazendo filmes difíceis e misteriosos. Ou será que alguém ainda se interessaria por 2001 atualmente se, após o além-infinito de júpiter, viessem 50 minutos de explicações sobre todos os acontecimentos e etc?

O pior é que a SS também se manifesta com outros diretores e outras formas de arte -teatro, literatura, música. Ficou tão comum que quando algum filme ou peça ou livro terminam bem, quando deveriam terminar, merecem um bônus. O que deveria ser a regra virou uma exceção.

O aparecimento de SS em livros, filmes, músicas ou peças é o suficiente para o rebaixamento imediato de 0,5 na classificação, podendo ser maior dependendo do grau de SS. O filme SS por excelência é A.I., que estava indo bem, nada especial, até que a SS gigantesca no final levou o filme a ser zero.

E se eu não terminar o texto aqui ele começa a ficar contamindado com SS.






Sunday, January 16, 2005

Rio de Janeiro

De terno e gravata
Nas areias da praia
O nascer do sol

Saturday, January 15, 2005

Cruzadas 2 - Bloody Mary

Não parece ser tão difícil. Basta suco de tomate, vodka e tempero para que se tenha um bloody mary. Ainda assim, é bastante complicado acertas as proporções.

O que aconteceu ontem foi um retrato de toda uma vida de provações em relação ao drink. Pedi um bloody mary e estava bom pra caramba, tão bom que todo mundo na mesa bebeu e quis pedir um também. Até um sujeito que bebe uma vez por ano pediu um. Pois bem, todos os outros que vieram estavam ruins - ou muito fortes, ou muito temperados, ou sei lá, mas estavam ruins.

Esse é o meu medo em relação a'O Capuccino. Temo que da próximo vez não esteja como da primeira. Não voltei lá ainda, prefiro ficar com a lemebrança do bom cappuccino que tomei daquela vez. Não creio ter sido sorte, como acredito que ter ocorrido com o bloddy mary, mas nunca se sabe.

E a cruzada na verdade é não por um bom bloody mary, mas por vários bons em sequência, o que é mais difícil.

Friday, January 14, 2005

Grandes Desprazeres da Vida Moderna - 2

Você entra no elevador mas nem se mexe porque o porteiro está te vigiando pela câmera.


PS: Um 2, finalmente!

Hai Ku

Hai Kai Para A Comentadora

Sonolento acordou
Computador Desligado
A certeza de um comentário

Hai Kai Para Alguém

Um olhar verde
Toda a beleza
De sua timidez


Wednesday, January 12, 2005

Mulheres da Minha Vida

Uma vez estava bêbeado em Diamantina e resolvi ler o futuro na minha mão com uma velhinha simpática que oferecia seus serviços de vidente. Indaguei a ela o por quê de não usar esses conhecimentos para fazer rios de dinheiro na bolsa, por exemplo, mas ela me ignorou e continuou seu trabalho. Teve todas aquelas baboseiras típicas mas uma coisa que ela me disse acabou ficando na cabeça e me deixou preocupado: ao passar os dedos pela minha linha do amor (?), disse que me casaria com uma loira perua de cabelo oxigenado da Barra. Aalarmado, saí correndo pelas ladeiras da cidade histórica gritando "nããããoooooo" tão alto que quase deu polícia. Tive febere a noite toda e sonhos delirantes à la Raskolnikov. Um inferno.

Voltei ao Rio e resolvi tomar uma atitude. Para não correr riscos desnecessários, instituí um questionário que toda mulher pretendente a ter algo comigo deveria responder, de maneira correta, a fim de se tornar digna do meu amor...bem, amor é forte demais, do meu carinho, que seja, ou melhor, da minha atenção. O legal é que o questionário se tornou mais do que isso, seria uma maneira de encontrar a mulher da minha vida e mitigar os riscos da oxigenada barrenta cair no meu colo. Primeiro porque quem o respondesse corretamente teria boas chances de ser uma pessoa legal, e segunda porque a combinação oxigenada-perua-barra levaria a zero a chance de uma mulher desta estirpe responder a tudo (ainda que chance zero não siginifique que não vá acontecer, maldita estatística!).

Eis o questionário, depois seguem as respostas.

- Você já viu Tohmas Pynchon?
- Qual a velocidade de cruzeiro de uma andorinha em v6oo carregando um côco?
- Qual o maior vilão da história do cinema?
- Qual o maior herói da história do cinema?
- Qual a morte mais triste da história do cinema?
- Complete as frases:

Cahiers du Cinema é...
Mate-me Deus com...
Cada vez mais...vocês do continente, isto...?
Eu adoro o cheiro de...pela manhã

- Qual o olho torto do Thom York?
- Qual o melhor ano da música pop?
- Spam, spam, spam, spam, spam!!!
- Sou um homem doente, um homem mal. Creio que sofro de(o)...
a) rim
b) gota
c) fígado
d) coração

- Literatura nórdica ou latina?
- Scorcese é um bom diretor?
- Se eu resolvesse te chamar de Ana Palíndroma você acharia bom ou ruim?

Bem, era mais ou menos isso. Claro que não é muito elaborado pois foi criado sob o tradicional efeito enebriante do álcool no Baixo Gávea, inclusive na mesma histórica noite em que se decidiu filmar Um Dia Ideal Para os Peixes-Banana. Talvez mais tarde o Hipódramo passe a ser lembrado do mesmo modo da cervejaria em que Hitler fez o famoso discursos embrionário do nazismo em 1924, antes de ser preso, claro. Não, péssima comparação, não tem nada a ver. Exceto que ambas são cervejarias. Assim como ele, estávamos bêbados. E vamos criar algo que entrará para a história, mas por um bom motivo. Enfim, digressiono.

As respostas para as perguntas eram:

- Se a guria responder que já está eliminada. Se disser não é neutro. Se disser "não, nem você, nem ninguém" ganha pontos. Se disser, ainda que não tenha muito a ver, "não e nem o salinger, que aliás são a mesma pessoa" já começo a pegar o anel de noivado no bolso. Uma resposta "já, nos Simpsons, mas com um saco na cabeça" é levemente positiva.

- So há uma única resposta, na verdade outra pergunta: a européia ou a africana?

- Para o maior vilão, o mais herói e a morte mais triste da história do cinema a resposta é a mesma: HAL 9000. Tal resposta coloca a menina no pé do Olimpo. Outras respostas devem ser estudadas individualmente..

- As frases:

Cahiers du Cinema é... uma merda é a resposta ótima. Maravilhosa elimina a guria. As outras deve ser estudadas.
Mate-me deus com... bananas! Não há outra resposta. É preciso ler Machado de Assis.
Cada vez mais excêntricos vocês do continente, isto não? Pérola de Asterix Entre os Bretões. É preciso ler Asterix.
Adoro o cheiro Napalm pela manhã. Essa é fácil, sempre tem uma pergunta fácil nesses questionários. Qualquer outra resposta é eliminatória.

- O olho torto do Thom York é difícil, talvez eu tire essa. Se ela souber quem é Thom York e qual o lance do olho torto já será bom.

- Para o melhor ano da música pop não há uma resposta ótima, pode ser qualquer ano, desde que com embasamento que me agrade. Claro que se for algum ano do meu Top 5 Anos da Música Pop ganha bônus.

Parênteses: Top 5 Anos da Música Pop

1. 1966
2. 1967
3. 1983
4. 1973
5. 1997

Fecha parênteses.

- spam, spam, spam não chega a ser uma pergunta. Mas saber do que se trata é muito, muito importante. É preciso ver Monty Python. Se a resposta for egs and spam and bacon and spam and spam and spam ganha bizarros muitos pontos.

- Sofro do fígado, claro. Começo de Memórias do Subsolo do Dostoievski. É preciso ler Dostoievski.

- Para literatura nórdica ou latina é preciso ter uma resposta convincente e bem elaborada. Por exemplo: "latina, só por causa do Calvino" - ponto, pontos, bizarros muitos pontos.

- Não, Scorcese não é um bom diretor. Pergunta eliminatória. Se a resposta for "não, não é bom diretor, embora Taxi Driver seja ótimo", pontos. Se for "Não, péssimo diretor, mas tem um filmezinho meio desconhecido dele chamado After Hours que eu adoro" bizarros muitos pontos.

- É preciso responder sim ou não com um bom embasamento. Se a resposta for "sim, desde que você me deixe chamá-lo de O Cobrador" bizarros muitos pontos. É preciso ler Rubem Fonseca.

Enfim, é isso, dá pra elaborar mais, mas estou reproduzindo o questionário tal como está num guardanapo do Hipódramo, na minha gaveta. É bom guardar, nunca se sabe. Vai que a leitora de mãos de Diamantina estivesse certa. Ainda assim, creio ser possível mudar o futuro. Se ela estivesse certa, o futuro mudou. Graças ao questionário, estou livre das peruas loiras oxigenadas da Barra.

Como diria um conterrâneo meu de Minas, liberade ainda que tardia!



Falta um 2

Preciso dar continuidade às sequências que começo. Tá cheio de 1 e nenhum 2.

Tuesday, January 11, 2005

Antropologia Subterrânea

Não tenho carro, minha carteira de motorista expirou há 1 ano e meio, mas creio que em algum momento terei que me render aos veículos motorizados. Mesmo quando isso acontecer, não abrirei mão do meu estudo antropológico diário. Explico.

O estudo antropológico diário se dá em dois momentos, de manhã e à noite, ambos no metrô. Trata-se da observação de pessoas nos vagões do nosso civilizado transporte de massa subterrâneo, o que tem se mostrado cada vez mais interessante.

A observação matutina se dá durante a leitura do jornal. Noto, basicamente, três tipos de pessoas: as que lêem jornal, as que lêem livros, e as que não lêem nada, estando neste último grupo as que ouvem música. Pode-se abrir mais a classificação. Dentre as que lêem jornal, há as que lêem bons jornais - Valor, Globo, JB, Folha, Estado - e as que lêem Extra, O Dia e afins. Com os leitores de livros, idem. Hoje mesmo havia um jovem de terno com um Sydney Sheldon (francamente!), enquanto um já mais velho, a cara do Malan, lia James Joyce. Seria o próprio Malan? Já na categoria outros há os que ouvem música, os que olham pra frente com olhar bovino e os que pensam, comem, falam ao telefone e por aí vai.

Já a observação noturna se dá durante a leitura de livros. O vagão está mais cheio, as pessoas cansadas, muitos bocejos, a teoria do bocejo coletivo sendo diariamente provada. Neste período não encontramos mais os leitores de jornal. Interessante notar que, mesmo assim, não há um aumento significativo na categoria leitores de livos, como é o meu caso. Estes continuam sendo, basicamente, os mesmos da manhã. Já a categoria outros fica sobrecarregada, e a sub-categoria olhar bovino recebe o maior reforço. Todos parecem se dirigir para casa como zoombis.

Nas viagens diárias criei também a Categoria Amigo de Metrô (AM). Um AM é uma pessoa que você sempre encontra, mas nunca fala. Apesar disso, há uma certa cumplicidade no olhar, um quê de "você por aqui?" ou "bom dia, não te esperava tão cedo" ou até mesmo "como você está bonita hoje". Você continua encontrando esta pessoa diariamente, mas não se falam. Com o tempo se descobre manias, horários, tipos de leitura, roupas, sim, roupas, e aqui reside o perigo. Uma vez usei a mesma camisa na segunda e na quarta e tenho certeza que uma AM percebeu e me olhou com um olhar que era um mix de nojo e desaprovação. Nunca mais repeti o feito.

O mais interessante é encontrar um AM nas ruas, no final de semana, em trajes civis, os olhares se cruzam, mas é diferente, a cumplicidade começa e termina no trasporte coleitvo.

Divido ainda as pessoas em duas outras categorias, independentes das acima mencionadas, os apressadinhos e os não-apressadinhos. Apressadinhos são os que antes do ônibus do metrô virar na Figueiredo Magalhães já se levantam e vão pra porta de saída, são os que correm nas escadas rolantes, atropelam pessoas na roletas, correm para entrar com a porta já fechando correndo o risco de ficarem presas. Não-apressadinhos, logicamente, são todos os outros, que não fazem isso. Sinto dizer que tenho alguns AM apressadinhos, mas a maioria se comporta bem.

Há paixões platônicas no metrô também. Uma vez topei com uma menina muito bonita, bem arrumada, indo para o trabalho. Neste dia estava atrasado, o que é uma pena, pois achei que nunca mais a encontraria. Mas algum tempo depois topei com a tal menina na volta. Desta vez tinha saído mais cedo do trabalho. Infelizmente não a encontrei mais, mas os dois encontros foram suficientes para acender a chama da paixão em mim. Todos os dias agora procuro por ela, algum dia a reencontrarei. E neste dia, não direi nada. Falar estraga. O prazer é apenas olhar.

E como eu me classifcaria nisso? Sou um leitor de jornal bom de manhã, leitor de bons livros de tarde, e um não-apressadinho por natureza.

Com o tempo hei de criar mais categorias e sub-categorias, e refinar ainda mais os estudos. Talvez lança um tomo de observações. E por isso digo que os que andam de carro não têm tais prazeres diários. Estão preocupados com o trânsito, com o rádio, com os ladrões, com a chuva, enquanto perdem um mundo a sua volta.

Grandes Conhecimentos Que a Mente Joga Pra Escanteio - 1

Em algum momento eu soube o que era estequiometria.

Monday, January 10, 2005

Pequenos Desprazeres da Vida Moderna - 1

Você lava as mãos, vai enxugar e...não tem papel, só aquele maldito vento quente automático!

Cruzadas 1 - Cappuccino

Nada me irrita mais que um cappuccino mal feito. Bem, talvez quando o livro faz orelha na mochila, como bem lebrou o Lucas do Femea De Cupim. E congestionamentos. E filme ruim. Bem, tem muitas coisas que me irritam mais que um cappuccino ruim, mas ainda assim este derivado do café, quando mal feito, tem um alto poder nerval em mim. Por isso, encontrar um bom cappuccino é quase como uma conversa com um tzáret.

Gosto de alguns cappuccinos da cidade: o da Travessa é razoável, o da Argumento é bom, mas ainda não havia encontrado O Cappuccino (nem um tzáret, mas esse não nutro esperanças de encontrar mesmo).

Isso até uma das minhas últimas perambulações pelos sebos do Centro. Meu caminho me levou ao Sebo Beringela, comprei uns livrinhos, passei na Da Vinci, que é ao lado, dei umas olhadas, e resolvi parar no Café Gioconda, ao lado da Da Vinci. Tinha tempo, tinha livros, lá tem cappuccino - o mix perfeito. Qual não foi minha surpresa ao sorver o primeiro gole - o cappuccino é maravilhoso! Muito melhor que os outros da cidade, cremoso, leve aroma e sabor de canela, encorpado, cappuccino de verdade, e não café com leite como fazem alguns.

O Cappuccino, minha busca chegou ao fim? Talvez, preciso ir novamente lá. Ainda não sei se encontrei meu tzáret num xícara, mas naquele momento fui feliz.

Tópicos Musicais

* Qual o melhor ano da música pop, 1967 ou 1966? Parte-se do pressuposto que nenhum outro ano merece entrar na discussão (pensei em 1983). Há alguns pontos a favor de 1966: o Pet Sounds e o Revolver (melhor álbum dos Beatles) são dois ótimos motivos para eleger 1966 como melhor. Em 1967 temos o óbvio Sgt. Pepper´s, temos o Pipper do Pink Floyd, temos o Sell Out do The Who, entre outros. Mas ainda assim prefiro 1966. Talvez seja o peso do Pet Sounds, melhor álbum de todos os tempos.

* Qual a banda mais datada, Beatles ou Velvet? Não restam dúvidas de que ambas estão razoavelmente datadas (o que não é de maneira alguma ruim). Mas há de se qualificar este "datisdmo". Primeiro com Beatles: Sgt. Pepper´s acho bastante datado, Abbey Road considero não datado. No geral, Beatles está bastante datado. Com o Velvet temos o fenômeno de "datismo" às avessas, como disse alguém em algum momento. Explico: era datado já em sua época, mas pra frente e não pra trás (Radiohead é datado às avessas também). Hoje, me parece pouco ou nada datado, agora encontrou seu tempo. Portanto, considerando datada uma banda que soa de época passada, ganha Beatles.

* REM a grande banda pós-80? Sem dúvida que sim. Desde Murmur, de 1983, ou até antes, com o Chronic Town, até New Adventures, o REM foi a melhor banda do seu tempo, com o ápice no maravilhoso Automatic For The People em 1992. Melhor que Smiths, melhor que Talking Heads. Talvez mais uns dois álbuns do Radiohead mudem isso, mas por enquanto fico com o REM.