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Exposição em Berlin marca os 38 anos de morte de Daumier-Smith

Selma Sigfried
Enviada especial da Folha em Berlin

Ao som da 5º Sinfonia de Mahler tocada por uma Filarmônica de Berlin toda vestida de azul, foi inaugurada ontem pelo presidente da Alemanha, Horst Koeller, uma exposição comemorativa dos 38 anos da morte de um dos maiores pintores alemães do século XX, Werner Daumier-Smith. A escolha da música não foi aleatória - conta-se que o artista costumava cantá-la nos momentos mais duros da retirada alemã da Rússia na segunda guerra, onde serviu como soldado da Wehrmacht.

A peculiaridade da data é culpa do próprio pintor, que em seus escritos deixou um roteiro para uma exposição comemorativa de 38 anos de sua morte, dizendo que "38 anos são mais importantes que 50 ou 100 anos de morte, datas usualmente utilizadas para fins comemorativos. Não quero, rejeito datas certas, e deixo como pedido de morte que se faça uma exposição comemorativa sim, mas de meus 38 anos de morte. O motivo eu não revelo - haverá motivo ou será apenas coincidência ou aleatoridade?". Museus do mundo inteiro mandaram as obras mais importantes do pintor para a Germanisches Kunstgalerie. a exposição cobre todas as fases da obra de Daumier-Smith, desde o flerte inicial com o expressionismo até a Fase Azul, que o consagrou no mundo inteiro. Entre os destaques estão "Sujeito, Predicado, sem Verbo", "Pernas, Braços e Troncos, Mas Não da Mesma Pessoa", "Estudo Existencialista Sobre a Não-Existência" e sua obra mais famosa, "Fumaça sobre Haffenburg", que pertence ao banqueiro mexicano Gonzalez Lopez e não era exposta na Alemanha desde 1988. A exposição conta ainda com recursos multimídia que permitem uma viagem pela efervecente Munique dos anos 20 - onde o pintor estudou e travou contato com grandes nomes do expressionismo alemão -, pela cidade onde passou a maior parte de sua vida, Haffenburg, em diferentes épocas ou pelas estepes russas, onde esteve por 2 anos durante a guerra.

Estão previstas ainda leituras de seus poemas e trechos de suas memórias de guerra e a exibição de filmes da chamada "Geração Azul", cineastas alemães experimentais que, nos anos 70, foram assim chamados por basear a temática e a fotografia de seus filmes na obra de Daumier-Smith. A exposição dura até 7 de novembro, data da morte do pintor. São esperados mais de 5 milhões de visitantes.

Pequenos grandes momentos

Chuva de pétalas de rosa sobre as pessoas do andar de baixo, "catapulta do século XXIII" lançando adoçante ao ar, 5 corta com um pão de queijo velho numa praça de madrugada.

In Bloom

A história do cinema é recheada de passagens memoráveis de danças. Cresci ouvindo sobre o tango de Perfume de Mulher. Dançando na Chuva ficou imortalizado, sendo até mesmo trilha sonora de um espancamento "ultra-violento". Todos aqueles musicais dos anos 50. Os filmes do John Travolta nos anos 70. O concurso de twist em Pulp Fiction.

Tudo lixo. Descartável. As pessoas gostam, se lembram e tudo, mas não deveriam. A maior cena musical de todos os tempos foi relegada ao esquecimento, mas tenho fé de que um dia a humanidade irá redescobri-la e dar a devida atençao que ela merece.

A cena é a Dança do Tamanduá Africano, no clássico dos anos 80 Namorada de Aluguel, um dos filmes do Top 5 encabeçado pelo Curtindo a Vida Adoidado - o Top 5 não tem título, mas vocês entenderam.

Quem não se lembra, no meio do baile, o nerd (naquele tempo os nerds ainda eram bundas e bobocas, A Vingança dos Nerds ainda não havia chegado para a redenção) e a garota mais cobiçada da escola, e a Dança do Tamanduá Africano. Não tem o que explicar, ela fala por si só, está lá, é pura poesia, sensualidade e tudo mais. Gene Kelly apludiu no cinema, segundo consta, ele lá velhinho, morando em San Diego, curtindo a apaosentadoria, relatos dizem que ele chorou, meio controverso isso mas há quem o diga, nunca se sabe. Bolas, era a Dança do Tamanduá Africano, quem não se emociona??? Depois o cara meio que estragou tudo, eles se separam porque ele estava pagando a ela pra ficar com ele e ele se tornar popular, aí no final ele está lá cortando a grama com o carrinho - porque o trabalho dele era cortar grama das pessoas com o carrinho - e ela chega pra beijá-lo e tudo mais, chega dançando o Tamanduá Africano - não externamente, não aparece, mas internamente ela dançava, tenho certeza disso, e daí saem os dois no carrinho de cortar grama ao som do Tamanduá Africano.

God Only Knows

Ou O retrato de uma vergonha

O pior filme da minha vida foi Outono em Nova Iorque, uma empulhação desgraçada com o Richard Gere (sinônimo de filme ruim) e mais alguém que nem me lembro mais. Nota negatva, ele contamina os coitados dos filmes que vêm antes e depois na ordem alfabética da minha lista. O Conselho de Filmes vai se reunir em dezembro para decidir sobre a retirada desse lixo radioativo da minha lista, um fato inédito.

E qual o maior problema do filme? É que é uma comédia romântica. E ponto.

Mas uma comédia romântica também é responsável pela maior vergonha da minha carreira. Vi, no cinema, (tive que ir, não perguntem...e sim, foi no Leblon!) Simplesmente Amor, comédia romântica inglesa, aquela que tem o Rodrigo Santoro. São várias histórias de amor, de diferentes tipos. O filme é bom? Não, não é. Mas eu gostei. Gostei muito. Me odiei por isso, fiquei de mal humor aquele dia, queria enfiar uma furadeira no cérebro como o cara do Pi para tirar o raio do filme da cabeça, mas não dava, eu tinha realmente gostado daquela porcaria! É comédia romântica Strictu Senso com aqueles clichês e tudo, mas tem algumas histórias que são interessantes e, bem, é inglês, o que já garante alguma coisa. Na hora de dar a nota minhas mãos criaram vida própria e tascaram um 3 pro filme. Maldição, nada pude fazer.

Resolvi rever o filme. Talvez tivesse gostado naquele momento por algum motivo específico, sei lá, alguma coisa tinha. Vi em casa, sozinho. E continuei gostando. Aquele final no aeroporto, horrível, brega, clichê, aquilo é bom, mas isso não sou eu escrevendo, não é bom, é sim, não, sim, nããããoooo...

Sim!

"Ao lago, ao lago com um peso amarrado aos pés", gritam meus neurônios bons para a minoria que insiste com isso. Vou queimá-los na próxima bebedeira, esses malditos.

Enfim, com pesar eu digo: eu gosto desse filme, e essa é a maior vergonha que possuo no currículo. O único consolo que tenho é que a maior vergonha do Dapieve é gostar de Claudinho e Buchecha. Sou mais eu.

Get me away from here, i´m dying

- Estava refazendo meu top 5 filmes do ano e demorei horas pra me lembrar de tudo de bom que havia visto em 2005. Um problema. Não me lembro até agora se vi Closer no começo deste ano ou no final do ano passado. Assim não tem como fazer Top 5 com perfeição. Resolvi seguir o exemplo do Lucas e instituí um caderno de filmes e livros. A partir de agora, anoto tudo que vejo e leio, com data, local, circusntâncias, as devidas notas, o viés e breves comentários. Um dia esse caderno ainda vai ser leiloado por milhões. Imagine quanto valeria hoje um caderno de anotações de filmes feito pelo Kubrick em 1951!

- Dei uma atualizada no Top 5 cidades após conhecer Buenos Aires e esperar passar o calor da viagem. E lá está ela.

1. Londres
2. Paris
3. Buenos Aires
4. Berlin
5. Praga

Financiamento público de campanha

Estou recebendo umas doações por fora e faço propaganda pros blogs.

Tv e Cerveja - Blog de tirinhas sobre dois caras que, bem, bebem cerveja e assistem televisão. É muito bom. Segundo consta eu serei um personagem secundário lado B.

Bom Dia, França - É a nova versão do Fêmeadecupim, mas agora o Lucas se casou e escreve com a Clarice da França, onde estão morando. Eu disse escreve? Ainda não tem nada, mas eles prometem que terá...

Proverbs for Paranoids

1. You may never get to touch the Master, but you can tickle his creatures
2. The innocence of the creatures is in inverse proportion to the immorality of the Master
3. If they can get you asking the wrong questions, they don't have to worry about answers
4. You hide, they seek
5. Paranoids are not paranoids because they're paranoid, but because they keep putting themselves, fucking idiots, deliberately into paranoid situations

O trem fantasma ou 400 cruzeiros

Hoje voltei pra casa de carona com uma pessoa que trabalha no metrô e o papo, claro, foi sobre o mais fantástico meio de transporte inventado pelo homem em todos os tempos. Foi nessa conversa que descobri o Vagão Mosquito (VM).

Tudo começou com estudos estatísticos do Metrô sobre a lotação da linha 2 no horário da tarde. Quem já esteve na Estação Carioca entre 5:30 e 7:30 da noite sabe do que se trata. Algumas vezes o tempo de espera para se entrar no vagão chega a 3 metrôs. O intervalo entre os trens nesse horário é de 4 minutos e 40 segundos. Existem, porém, 2 momentos em que movimento diminui bastante - sim, dos 27 trens que passam nesse intervalo, 2 saem razoavelmente vazios, pelo menos em relação aos outros do mesmo horário, e esses são chamados de VM. Aparentemente não há uma explicação racional para isso, mas um passa mais ou menos às 6:15 e o outro às 6:55. A precisão dos dados, segundo a pessoa, é incrível. Um trem antes, está lotado. Um trem depois, volta a ficar lotado. E o VM passa vazio e continua vazio. Imagino a reunião de trabalho em que esses dados foram apresentados para a diretoria do Metrô, o sorriso de alegria dos estatísticos, talvez tenham citado até a distribuição de poisson, quem sabe?

Correspondências da semana ou Confie em mim

A Entre Livros está com os russos na capa. Segue a apelação. Comprei, claro, está legal, mas como já escrevi antes vão acabar logo as reportagens de capa apelativas. Aí terão que ter a coragem de colocar o Pynchon como reportagem principal com um roteiro explicativo para os 404 personagens do Arco Íris da Gravidade. Ou então uma capa bombástica do tipo "A Literatura Argentina dá de mil a zero na brasileira" ou "Especial Contos do Salinger".

No mais, uma decepção - li com grande expectativa mas achei Complexo de Portnoy muito ruim. Está na hora de voltar ao leste europeu.

A pedidos

Starálfur - Sigur Rós

Blá nótt yfir himininn
Blá nótt yfir mér
Horf-inn út um gluggann
Minn með hendur
Faldar undir kinn
Hugsum daginn minn
Í dag og í gær
Blá náttfötin klæða mig í
Beint upp í rúm
Breiði mjúku sængina
Loka augunum
Ég fel hausinn undir sæng
Starir á mig lítill álfur
Hleypur að mér en hreyfist ekki
Ur stað - sjalfur
Starálfur
Opna augun
Stirurnar úr
Teygi mig og tel
Kominn aftur og alltalltilæ
Samt vantar eitthvað
(Eins og alla veggina)

Staralfur

A Vida Marinha com Steve Zissou é o melhor filme do ano. E acho difícil que perca esse título (tá, ainda tem o Festival). Mas o melhor talvez seja a trilha sonora. Impagável no filme, melhor fora dele. Ganhei ontem um disquinho com as 20 músicas da trilha sonora do filme e é genial. Tem Seu Jorge fazendo ver são absolutamente esquizofrênicas de David Bowie. Tem umas músicas eletrônicas malucas. Tem a música do Loquasto International Film Festival, onde eles recebem um prêmio. E de bônus ainda tem Sigur Rós, que toca na maravilhosa cena do Tubarão. O CD tem o mesmo clima do filme. É difícil dissociar o filme da trilha e vice-versa, o que tem sido cada vez mais difícil no cinema com aquelas trilhas horríveis e descartáveis. Steve Zissou é rei.

Todo carnaval tem seu começo

Uma grata surpresa esse ano tem sido o cinema coreano, o que tem me levado a rever alguns conceitos. Até então, tirando o Japão, tudo o que vinha da Ásia em termos de cinema era pra mim lixo puro, sem nada que se salvasse. Talvez tenha perdido até algumas coisas legais, não sei, mas também a quantidade de porcaria que vi da Tailândia, Hong Kong, Malásia, Nepal e etc é gigantesca. Nos festivais eu simplesmente ignorava os filmes asiáticos. Isso se agravou nos últimos tempos com a safra de filmes horrorosos chineses - caso de Herói, o pior filme do ano até agora. Mas então veio Old Boy, que é um coreano sensacional, talvez o melhor filme de vingança que já tenha visto. Aí resolvi ver "Primavera, Verão, Outono, Inverno...e Primavera" e é um filme muito bom. Agora saiu o novo filme do cara (Ki-Duk Kim), Casa Vazia, que é um filmaço. Está entre os melhores do ano, com certeza. Ou eu dei sorte ou os coreanos são realmente bons nisso. E já estou começando a acreditar na segunda possibilidade. Talvez agora a Ásia para mim seja Japão e Coréia.

Eu sou um biscoitinho

A chama respira. Descobri umas músicas francesas que trouxerem esperança para o meu apetite musical, estou até pesquisando a respeito e tudo. Depois conto o que é. O doente está mal, mas respira.

Um protesto

Tirei férias e não fiz a barba. Por 15 dias. Fiquei barbudão. Resolvi dar uma ajeitada nela e ir pro trabalho assim. Não fui bem recebido, vou ter que cortar. Bleft. Papai Noel nunca trabalharia no mercado financeiro.

And now for something completly different

De volta ao Brasil, com interesse redobrado pela Argentina. Leitura do momento: A Short History of the Argentinians, de Felix Luna, Best Seller local (em espanhol, claro).

Buenos Aires

Um lugar perfeito para se viver...