Monday, August 29, 2005

Na Ilustrada, claro

Exposição em Berlin marca os 38 anos de morte de Daumier-Smith

Selma Sigfried
Enviada especial da Folha em Berlin

Ao som da 5º Sinfonia de Mahler tocada por uma Filarmônica de Berlin toda vestida de azul, foi inaugurada ontem pelo presidente da Alemanha, Horst Koeller, uma exposição comemorativa dos 38 anos da morte de um dos maiores pintores alemães do século XX, Werner Daumier-Smith. A escolha da música não foi aleatória - conta-se que o artista costumava cantá-la nos momentos mais duros da retirada alemã da Rússia na segunda guerra, onde serviu como soldado da Wehrmacht.

A peculiaridade da data é culpa do próprio pintor, que em seus escritos deixou um roteiro para uma exposição comemorativa de 38 anos de sua morte, dizendo que "38 anos são mais importantes que 50 ou 100 anos de morte, datas usualmente utilizadas para fins comemorativos. Não quero, rejeito datas certas, e deixo como pedido de morte que se faça uma exposição comemorativa sim, mas de meus 38 anos de morte. O motivo eu não revelo - haverá motivo ou será apenas coincidência ou aleatoridade?". Museus do mundo inteiro mandaram as obras mais importantes do pintor para a Germanisches Kunstgalerie. a exposição cobre todas as fases da obra de Daumier-Smith, desde o flerte inicial com o expressionismo até a Fase Azul, que o consagrou no mundo inteiro. Entre os destaques estão "Sujeito, Predicado, sem Verbo", "Pernas, Braços e Troncos, Mas Não da Mesma Pessoa", "Estudo Existencialista Sobre a Não-Existência" e sua obra mais famosa, "Fumaça sobre Haffenburg", que pertence ao banqueiro mexicano Gonzalez Lopez e não era exposta na Alemanha desde 1988. A exposição conta ainda com recursos multimídia que permitem uma viagem pela efervecente Munique dos anos 20 - onde o pintor estudou e travou contato com grandes nomes do expressionismo alemão -, pela cidade onde passou a maior parte de sua vida, Haffenburg, em diferentes épocas ou pelas estepes russas, onde esteve por 2 anos durante a guerra.

Estão previstas ainda leituras de seus poemas e trechos de suas memórias de guerra e a exibição de filmes da chamada "Geração Azul", cineastas alemães experimentais que, nos anos 70, foram assim chamados por basear a temática e a fotografia de seus filmes na obra de Daumier-Smith. A exposição dura até 7 de novembro, data da morte do pintor. São esperados mais de 5 milhões de visitantes.

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