Thursday, January 26, 2006

3 diretores

Uma hipotética entrevista minha no Segundo Caderno daqui a alguns anos, assim que eu lançar O Arco íris da Gravidade na versão de 4 horas e ganhar Cannes-Berlin-Sundance (Veneza não, Veneza só premia porcaria).


SC: Como foi ganhar três prêmio importantíssimos para o cinema mundial e ainda ser indicado ao Globo de Ouro?
Eu: Foi legal. Dá dinheiro e tudo e fica cheio de mulher a fim. Estou testando meu lado Bogart e pela primeira vez tem dado certo.

SC: Você acha que é uma vitória do cinema nacional?
Eu: Claro que não. É minha. Foi filmado na Europa, os atores são estrangeiros, parte da equipe também. E eu odeio Glauber Rocha, que fique claro isso.

SC: Por que você resolveu adaptar um livro considerado infilmável e até mesmo ilegível?
Eu: Porque é o melhor livro que já li. É genial, e muito adaptável ao cinema. Tanto que deu certo. Tudo bem que tive que reduzir os 417 personagens a 86 e omitir quase todas as passagens estranhas, mas mesmo isso foi difícil. Não tinha como ter menos que 4 horas. O DVD vai vir com a versão integral, de 6 horas, que é a que considero boa.

SC: Por que não fazer uma trilogia, por exemplo?
Eu: É picareta. Trilogia normalmente é picareta. Normalizando pro cinema, é quase como uma novela que vai se alongando em capítulos sem graça e aí você fica inventando coisas pra encher linguiça. Senhor dos Anéis é picaretagem em estado bruto. Deus me livre fazer algo assim.

SC: E qual sua grande inspiração pro filme?
Eu: O livro, e mais nada. Não precisa de mais. Ele é completo. É quase um roteiro.

SC: E sobre a escolha de Steve Buscemmi para o papel de Slothrop?
Eu: Foi o primeiro ator que pensei e ele aceitou, o que é ótimo. Acho o cara um dos melhores e mais improváveis atores de sua geração.

SC: E a presença de Bill Murray?
Eu: Bill é um velho amigo pessoal que considero o melhor ator do mundo. Disse a ele que escolhesse um papel e ele se interessou pelo Poinstman, que fez de maneira brilhante, como sempre.

SC: E é verdade que Thomas Pynchon fez uma ponta no filme?
Eu: Pode ser, pode não ser. Mandei o roteiro e os planos de filmagem a ele, e ele respondeu dizendo que tinha gostado muito. Algum tempo depois recebi uma carta dele dizendo que faria um papel de extra no filme, já tinha até conseguido. Não sei se é verdade, mas ele pode ser algum dos muitos figurantes. Fica o suspense.

SC: E quais são suas grandes influências no cinema?
Eu: Pra não usar os óbvios e mais antigos, diria que há hoje três diretores de verdade no mundo - Wes Anderson, PT Anderson e Lukas Moodysson. Do primeiro gosto do lado "cinema autoral", de parecer ser tudo o tempo inteiro uma grande brincadeira que o estúdio ainda não descobriu, além do fato de filmar bem pra cacete. O PT Anderson é o mestre. Gosto do modo como as músicas são personagens do filme e não pano de fundo e do desenvolvimento dos personagens, que beiram a perfeição, a fotografia e a direção de atores. Quem fez o Tom Cruise atuar bem - e nem o Kubrick conseguiu - merece respeito. Já o Lukas Moodysson é um mestre no uso da câmera, fugindo de todos os clichês atuais de filmagem - você nunca o verá filmando um espelho pra depois voltar pra cena mesmo e todos verem que é um maldito espelho. e utiliz muito bem as músicas nos filmes.

SC: Você pretende trazer o filme para o Festival do Rio?
Eu: Pretendo, claro. Vai passar em sessão única meia-noite no Oedeon. Algumas das melhores sessões de cinema da minha vida foram assim.

SC: Arco Íris da Gravidade é candidato ao Tony de Ouro?
Eu: Claro que sim. É um prêmio independente, com júri independente. Pode ser que ganhe, mas seria por méritos, como sempre.

6 Comments:

Blogger F P said...

Não sei o que você tomou pra escrever isso, mas também quero. Quer dizer... Foi isso o que te fez achar "O Senhor dos Anéis" ruim ou vc sempre achou mesmo?
Blasfêmia! Blasfêêêêêmia!!

6:42 PM  
Blogger Pedro Eboli said...

Ai, ai...

10:01 AM  
Blogger Unknown said...

Um dia depois dessa matéria vai sair outra falando do meu processo contra você por plágio. Como eu nunca registrei a idéia, dali a uma semana vai ser manchete do Povo: "Roubou idéia do amigo e virou presunto".

2:33 PM  
Blogger Werner Daumier-Smith said...

Eu pensei em te colocar como co-diretor (ou talvez chamar a Katia Lund). Plágio? Há! Faz-me rir. Só falta falar que a abertura ao som de "Pyramid Song" - tão comentada, comparada a abertura de Apocalypse Now e tudo - é idéia sua também. Hmpft. Me ameace. Faz-me rir.

2:54 PM  
Blogger Unknown said...

Maldito. Mil vezes maldito.

10:34 AM  
Blogger Unknown said...

Maldito. Mil vezes maldito.

10:36 AM  

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