3 diretores
Uma hipotética entrevista minha no Segundo Caderno daqui a alguns anos, assim que eu lançar O Arco íris da Gravidade na versão de 4 horas e ganhar Cannes-Berlin-Sundance (Veneza não, Veneza só premia porcaria).
SC: Como foi ganhar três prêmio importantíssimos para o cinema mundial e ainda ser indicado ao Globo de Ouro?
Eu: Foi legal. Dá dinheiro e tudo e fica cheio de mulher a fim. Estou testando meu lado Bogart e pela primeira vez tem dado certo.
SC: Você acha que é uma vitória do cinema nacional?
Eu: Claro que não. É minha. Foi filmado na Europa, os atores são estrangeiros, parte da equipe também. E eu odeio Glauber Rocha, que fique claro isso.
SC: Por que você resolveu adaptar um livro considerado infilmável e até mesmo ilegível?
Eu: Porque é o melhor livro que já li. É genial, e muito adaptável ao cinema. Tanto que deu certo. Tudo bem que tive que reduzir os 417 personagens a 86 e omitir quase todas as passagens estranhas, mas mesmo isso foi difícil. Não tinha como ter menos que 4 horas. O DVD vai vir com a versão integral, de 6 horas, que é a que considero boa.
SC: Por que não fazer uma trilogia, por exemplo?
Eu: É picareta. Trilogia normalmente é picareta. Normalizando pro cinema, é quase como uma novela que vai se alongando em capítulos sem graça e aí você fica inventando coisas pra encher linguiça. Senhor dos Anéis é picaretagem em estado bruto. Deus me livre fazer algo assim.
SC: E qual sua grande inspiração pro filme?
Eu: O livro, e mais nada. Não precisa de mais. Ele é completo. É quase um roteiro.
SC: E sobre a escolha de Steve Buscemmi para o papel de Slothrop?
Eu: Foi o primeiro ator que pensei e ele aceitou, o que é ótimo. Acho o cara um dos melhores e mais improváveis atores de sua geração.
SC: E a presença de Bill Murray?
Eu: Bill é um velho amigo pessoal que considero o melhor ator do mundo. Disse a ele que escolhesse um papel e ele se interessou pelo Poinstman, que fez de maneira brilhante, como sempre.
SC: E é verdade que Thomas Pynchon fez uma ponta no filme?
Eu: Pode ser, pode não ser. Mandei o roteiro e os planos de filmagem a ele, e ele respondeu dizendo que tinha gostado muito. Algum tempo depois recebi uma carta dele dizendo que faria um papel de extra no filme, já tinha até conseguido. Não sei se é verdade, mas ele pode ser algum dos muitos figurantes. Fica o suspense.
SC: E quais são suas grandes influências no cinema?
Eu: Pra não usar os óbvios e mais antigos, diria que há hoje três diretores de verdade no mundo - Wes Anderson, PT Anderson e Lukas Moodysson. Do primeiro gosto do lado "cinema autoral", de parecer ser tudo o tempo inteiro uma grande brincadeira que o estúdio ainda não descobriu, além do fato de filmar bem pra cacete. O PT Anderson é o mestre. Gosto do modo como as músicas são personagens do filme e não pano de fundo e do desenvolvimento dos personagens, que beiram a perfeição, a fotografia e a direção de atores. Quem fez o Tom Cruise atuar bem - e nem o Kubrick conseguiu - merece respeito. Já o Lukas Moodysson é um mestre no uso da câmera, fugindo de todos os clichês atuais de filmagem - você nunca o verá filmando um espelho pra depois voltar pra cena mesmo e todos verem que é um maldito espelho. e utiliz muito bem as músicas nos filmes.
SC: Você pretende trazer o filme para o Festival do Rio?
Eu: Pretendo, claro. Vai passar em sessão única meia-noite no Oedeon. Algumas das melhores sessões de cinema da minha vida foram assim.
SC: Arco Íris da Gravidade é candidato ao Tony de Ouro?
Eu: Claro que sim. É um prêmio independente, com júri independente. Pode ser que ganhe, mas seria por méritos, como sempre.
SC: Como foi ganhar três prêmio importantíssimos para o cinema mundial e ainda ser indicado ao Globo de Ouro?
Eu: Foi legal. Dá dinheiro e tudo e fica cheio de mulher a fim. Estou testando meu lado Bogart e pela primeira vez tem dado certo.
SC: Você acha que é uma vitória do cinema nacional?
Eu: Claro que não. É minha. Foi filmado na Europa, os atores são estrangeiros, parte da equipe também. E eu odeio Glauber Rocha, que fique claro isso.
SC: Por que você resolveu adaptar um livro considerado infilmável e até mesmo ilegível?
Eu: Porque é o melhor livro que já li. É genial, e muito adaptável ao cinema. Tanto que deu certo. Tudo bem que tive que reduzir os 417 personagens a 86 e omitir quase todas as passagens estranhas, mas mesmo isso foi difícil. Não tinha como ter menos que 4 horas. O DVD vai vir com a versão integral, de 6 horas, que é a que considero boa.
SC: Por que não fazer uma trilogia, por exemplo?
Eu: É picareta. Trilogia normalmente é picareta. Normalizando pro cinema, é quase como uma novela que vai se alongando em capítulos sem graça e aí você fica inventando coisas pra encher linguiça. Senhor dos Anéis é picaretagem em estado bruto. Deus me livre fazer algo assim.
SC: E qual sua grande inspiração pro filme?
Eu: O livro, e mais nada. Não precisa de mais. Ele é completo. É quase um roteiro.
SC: E sobre a escolha de Steve Buscemmi para o papel de Slothrop?
Eu: Foi o primeiro ator que pensei e ele aceitou, o que é ótimo. Acho o cara um dos melhores e mais improváveis atores de sua geração.
SC: E a presença de Bill Murray?
Eu: Bill é um velho amigo pessoal que considero o melhor ator do mundo. Disse a ele que escolhesse um papel e ele se interessou pelo Poinstman, que fez de maneira brilhante, como sempre.
SC: E é verdade que Thomas Pynchon fez uma ponta no filme?
Eu: Pode ser, pode não ser. Mandei o roteiro e os planos de filmagem a ele, e ele respondeu dizendo que tinha gostado muito. Algum tempo depois recebi uma carta dele dizendo que faria um papel de extra no filme, já tinha até conseguido. Não sei se é verdade, mas ele pode ser algum dos muitos figurantes. Fica o suspense.
SC: E quais são suas grandes influências no cinema?
Eu: Pra não usar os óbvios e mais antigos, diria que há hoje três diretores de verdade no mundo - Wes Anderson, PT Anderson e Lukas Moodysson. Do primeiro gosto do lado "cinema autoral", de parecer ser tudo o tempo inteiro uma grande brincadeira que o estúdio ainda não descobriu, além do fato de filmar bem pra cacete. O PT Anderson é o mestre. Gosto do modo como as músicas são personagens do filme e não pano de fundo e do desenvolvimento dos personagens, que beiram a perfeição, a fotografia e a direção de atores. Quem fez o Tom Cruise atuar bem - e nem o Kubrick conseguiu - merece respeito. Já o Lukas Moodysson é um mestre no uso da câmera, fugindo de todos os clichês atuais de filmagem - você nunca o verá filmando um espelho pra depois voltar pra cena mesmo e todos verem que é um maldito espelho. e utiliz muito bem as músicas nos filmes.
SC: Você pretende trazer o filme para o Festival do Rio?
Eu: Pretendo, claro. Vai passar em sessão única meia-noite no Oedeon. Algumas das melhores sessões de cinema da minha vida foram assim.
SC: Arco Íris da Gravidade é candidato ao Tony de Ouro?
Eu: Claro que sim. É um prêmio independente, com júri independente. Pode ser que ganhe, mas seria por méritos, como sempre.
6 Comments:
Não sei o que você tomou pra escrever isso, mas também quero. Quer dizer... Foi isso o que te fez achar "O Senhor dos Anéis" ruim ou vc sempre achou mesmo?
Blasfêmia! Blasfêêêêêmia!!
Ai, ai...
Um dia depois dessa matéria vai sair outra falando do meu processo contra você por plágio. Como eu nunca registrei a idéia, dali a uma semana vai ser manchete do Povo: "Roubou idéia do amigo e virou presunto".
Eu pensei em te colocar como co-diretor (ou talvez chamar a Katia Lund). Plágio? Há! Faz-me rir. Só falta falar que a abertura ao som de "Pyramid Song" - tão comentada, comparada a abertura de Apocalypse Now e tudo - é idéia sua também. Hmpft. Me ameace. Faz-me rir.
Maldito. Mil vezes maldito.
Maldito. Mil vezes maldito.
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