De sebos e editoras
Dicas valiosas me levaram a um sebo novo, no Paço Imperial. O ligar de fora parece uma lojas de cds e é mesmo, mas tem um sebinho ali no canto, escondido. E assim que tem que ser mesmo. Tem um sebo em Ipanema que me recuso a entrar que faz até propaganda. Tudo bem que é na carrocinha de pipoca da praia, mas ainda assim comercial, e não pode. Mas enfim, o o sebinho escondido escondia também coisas maravilhosas, como a valiosa dica havia dito. Uma breve olhada na mesa com livros jogados e avistei uma edição da Brasiliense de Pra cima com a Viga, Moçada e Seymour: Uma introdução. É o livro com dois contos muito bons (o primeiro mais que o segundo) do Salinger, e com a tradução boa, dos anos 80. Basta dizer que o espetacular Pra cima com a Viga, Moçada virou Carpinteiros, Levantem Bem alto a Cumeeira. Não tem comparação. Edição rara, e o preço refletia isso. Ao lado havia uma tentativa de biografia do Salinger escrita por um inglês maluco. Mas legal. Comecei a ler para ver qual o nível de picaretagem do negócio mas decidi que deveria ler quandi li um pedaço onde ele dizia que na adolescência só se interessava por meninas que houvessem lido e entendido Apanhador no Campo de Centeio e isso é genial. Nunca cheguei a isso mas não é de todo uma má idéia. Seria um bom filtro. Estava um pouco atrasado para encontrar a senhorita valiosas-dicas, mas ela avisou que estava mais atrasada ainda e resolvi ficar mais por lá. Neste momento o dono se aproximou e começou a comentar sobre o Fante, e as edições boas, e a conversa partiu para as famosas edições da Brasiliense. Por exemplo, as traduções que importam do Fante são as da Brasiliense, do Paulo Leminsky. E ele contou toda a história da editora. Disse que pertencia a um cara que era muito inteligente e gostava de lançar coisas novas e acabou fazendo história no mercado editorial nos anos 80. Mas ele gostava muito de moto e acabou morrendo num acidente. A mulher pegou a editora mas era feminista e tal e quebrou rapidinho. O cara que o ajudou a fazer a Brasiliense foi o Luiz Schwarcz, que com a morte do cara saiu e fundou a própria editora, a Companhia das Letras. Depois do momento fofocas editorias ele falou que a Brasiliense foi a primeira revolução do mercado editorial. A segunda foi a Companhia das Letras e a terceira a Cosac & Naif. Não entendi bem os motivos, porque se a Brasiliense revolucionou pelos lançamentos bizarros para a época e Cosac & Naif só revoluciona por ter livros bonitinhos, mas quase sempre de autores antigos, nada de novos lançamentos. Mas essa é a opinião dele. Saí de lá, fui para um café e pensei um pouco a respeito de editoras. Fiz um Top 5. Não coloquei a Brasiliense porque não vale editoras quebradas.
Top 5 Editoras
1. 34 - A simples coragem de traduzir do russo todas as obras do Dostoievski já bastava para ser a melhor editora do Brasil. Mas ainda lançam outros russos e pessoas do leste europeu. Agora ainda lançam contos do Dostoievski com análise e tudo. Genial.
2. Editora do Autor - Bem, só conheço deles a caixa dos livros do Salinger (menos o Carpinteiros... que é da Companhia das Letras. E é a tradução ruim. E pensando agora, a Companhia deve ter roubado o catálogo da Brasiliense. Ou parte dele. Talvez somente as traduções ruins. E o que era bom traduziram mal. Malditos!). E espero que não tenha nada além disso. Porque uma editora que lança os livros do Salinger merece estar aqui.
3. Companhia das Letras - É gigante, sim, mas não tem jeito. Lançam de tudo, e as obras horríveis que vendem muito sustentam as menores e boas, como o Saer. E os livros são bonitos, as páginas são amareladas, isso vale. Sem contar que quando o Schwarcz a fundou ele foi ao Rubem Fonseca, ofereceu maior grana pro cara e o roubou da Rocco (bonus!), que era uma mega editora, trazendo o cara pra uma editorazinha então desconhecida. E eles lançaram o Arco Íris da Gravidade. e O Paulo Henriques de Brito traduz pra eles.
4. Cosac & Naif - Eles não lançam quase nada de novo, mas aquelas edições de capa dura e folha boa são uma tentação. Tem Stendhal, Tolstoi, uma galera escandinava. São uns crápulas, porque você tem que comprar as edições bonitas. Dizem que ela é parte de um grupo empresarial imenso. Não dá dinheiro, só charme.
5. L&PM Pocket - Pockets são legais, mas sempre foram sinônimo de livros ruins de capa feia. Mas a coleção da L&PM é boa, tem ótimos livros (2 Fantes, por exemplo) e as edições são bem honestas. E custam 11 reais.
Top 5 Editoras
1. 34 - A simples coragem de traduzir do russo todas as obras do Dostoievski já bastava para ser a melhor editora do Brasil. Mas ainda lançam outros russos e pessoas do leste europeu. Agora ainda lançam contos do Dostoievski com análise e tudo. Genial.
2. Editora do Autor - Bem, só conheço deles a caixa dos livros do Salinger (menos o Carpinteiros... que é da Companhia das Letras. E é a tradução ruim. E pensando agora, a Companhia deve ter roubado o catálogo da Brasiliense. Ou parte dele. Talvez somente as traduções ruins. E o que era bom traduziram mal. Malditos!). E espero que não tenha nada além disso. Porque uma editora que lança os livros do Salinger merece estar aqui.
3. Companhia das Letras - É gigante, sim, mas não tem jeito. Lançam de tudo, e as obras horríveis que vendem muito sustentam as menores e boas, como o Saer. E os livros são bonitos, as páginas são amareladas, isso vale. Sem contar que quando o Schwarcz a fundou ele foi ao Rubem Fonseca, ofereceu maior grana pro cara e o roubou da Rocco (bonus!), que era uma mega editora, trazendo o cara pra uma editorazinha então desconhecida. E eles lançaram o Arco Íris da Gravidade. e O Paulo Henriques de Brito traduz pra eles.
4. Cosac & Naif - Eles não lançam quase nada de novo, mas aquelas edições de capa dura e folha boa são uma tentação. Tem Stendhal, Tolstoi, uma galera escandinava. São uns crápulas, porque você tem que comprar as edições bonitas. Dizem que ela é parte de um grupo empresarial imenso. Não dá dinheiro, só charme.
5. L&PM Pocket - Pockets são legais, mas sempre foram sinônimo de livros ruins de capa feia. Mas a coleção da L&PM é boa, tem ótimos livros (2 Fantes, por exemplo) e as edições são bem honestas. E custam 11 reais.
3 Comments:
Bom top 5, apesar da picaretagem total de colocar a Editora do Autor em segundo (acho que seria o primeiro lugar num top 5 Picaretagens feitas em top 5). Eu já li em algum lugar - um blog, penso - a história de como a Brasiliense era legal e quebrou e como a Companhia das Letras passou a ser legal e cresceu muito e virou gigante, mas meio que esqueci.
Eu avisei que er ameio picareta. Mas uma editora que só edita Salinger tem algum valor, não? Esse tal de Autor deve ser um cara legal. E a história da Companhia das Letras é legal mesmo. O episódio de como ele roubou o Rubem fonseca é sensacional - foi até a casa dele, encheu o saco, ofereceu uma montanha de dinheiro e roubou um livro que iria ser lançado em pouco tempo, o Vastas Emoções. E isso tudo numa editora cheirando a talco. Duas semanas depois a Veja queria fazer o Rubem Fonseca reportagem de capa com o livro novo, mas ele não quis e o Schwarcz o apoiou nisso. Tudo que a Veja queria em troca era entrar na casa dele, tirar algumas fotos, nada de especial. Daí o Schwarcz apoiou o cara mesmo isso sendo ruim pra editora, ganhou a confiança, e o resto é história.
eu admito, a picaretagem foi explícita ali no Top 5. Os outros até que estão bem, mas a Editora do Autor foi uma forçazãozinha de barra. Mas ela é legal, sim, livros do Salinger e tudo. E quanto aos critérios, corto os excessos e deixo apenas esse, que tal? Acho que esse diz muita coisa, muita coisa mesmo. E segundo consta a Cosac & Naif é parte de um grande grupo empresarial, ela não dá lucro mas serve pra dar charme aos negócios doa árabes riquinhos e tudo. É justo.
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