Friday, April 08, 2005

Os Flamingos Se Divertem

Foi no Festival do Rio de 2002 ou 2001, não me lembro. Não importa. O importante é que foi a melhor sessão de cinema de todos os tempos - uma noite antológica embalada por Pink Flamingos, o primeiro filme do John waters.

Havia uma única sessão, numa quarta a noite, no Estação Ipanema. E os ingresos se esgotaram no primeiro dia de vendas. Nesta época eu era um à toa e fui um daqueles malucos que chegam cedinho na fila da central de ingressos no primeiro dia para garantir os ingressos e consegui as preciosas entradas.

Nunca tinha visto nada do cara até então, mas sabia que era trash, bem trash.

Na noite do filme o saguão estava lotado, um bando de malucos ávido por bizarrices. Já sabia que o filme terminaria com a travesti Divine comendo cocô de cachorro de verdade. Mas não sabia bem o que esperar.

Tive que me sentar no chão pois estava superlotado. E foi ótimo, pois assim pude, literalmente, rolar de rir.

Como disse, foi uma sessão antológica, inclusive com o abandono de sala por parte de alguns indignados.

O filme é muito simples: travesti balofo, que mora em um trailer sujo no meio do mato com sua mãe retardada que vive em um berço com roupas de neném e come (mais baba do que come) ovos cozidos o dia inteiro (e tem um affair com o entregador de ovo) e seu filho que faz sexo com mulheres e galinhas ao mesmo tempo, entra em guerra contra um casal que sequestra mulheres e as prende no porão de sua mansão, onde um mordomo viado e esquisito as engravidade, para depois venderem as crianças para casais de lésbicas. A guerra é pelo título de pessoa mais suja do mundo. E assim é o filme, que vai num sucessão de bizarrices culminando numa festa no trailer que reúne a nata da bizarrice.

O filme não tem nota - entra na categoria do Embriagados de Amor, é impossível chegar em alguma coisa. Mas é muito engraçado e impactante. De qualquer modo, a sessão foi espetacular pois, tirando um desavisados, todos sabiam o que estavam indo ver. E todo mundo riu pra caramba. Caso houvesse um ranking de sessões de cinema, essa seria uma sessão 5.

E já que comecei, me lembrei de algumas outras sessões 5 - Apocalypse Now Redux no Festival de 2002 em sessão única meia-noite no Odeon, Um Vazio no Meu Coração, do Moodysson, no último Festival (metade do cinema abandonou no meio), Amarelo Manga, no Festival de 2003, que foi no dia que os traficantes pararam o Rio e tinha só 8 pessoas, e me senti muito corajoso de não estar nem aí pros caras e ir ao cinema. E acho que é isso.

Segunda tem Polyester, do John Waters, no Vivo Open Air, com cartela de cheiro. Promete.

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