Wednesday, April 06, 2005

Curtindo o K2 Adoidado

O K2 é alto pra cacete mas como o Everest é ao lado dele e um pouquinho mais alto ninguém se lembra que ele existe, sendo menos famoso que montes muito menores tais como o kilimanjaro, o Aconcagua ou o McKinley.

O mesmo ocorre com o melhor filme dos ano 80 - Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller´s Day Off - a tradução é boa, como aliás costumava ser nos anos 80). O filme é um 5, categoria a qual poucos chegam, mas mesmo assim não está no Top 5, onde figuram alguns filmes 4,5. É mais ou menos como o K2 - não tem nenhum Everest ao lado, mas existem Kilimanjaros e Aconcaguas, mesmo mais baixos, para desbancá-lo.

Toda a beleza do filme reside na simplicidade sobre o qual ele é contruído - 3 jovens matando um dia de aula e passeando pelo centro de Chicago num lindo dia de verão. Até aí nada de especial. Mas a surrealidade com que as coisas acontecem é o grande charme, e as pitadas de humor negro dão o toque especial. Sem contar na trilha sonora anos 80.

Tem um personagem 5 - e não é o Ferris, mas o Cameron, hipocondríaco e maluco, que até hoje não sei como é amigo do cara mais popular da escola (seria ele o cara menos popular da escola?). O cara é milionário mas tem um pai maluco e é cheio de medos e doenças. O diálogo dele com o Ferris no começo, ao telefone, é antológico. "Ferris, i´m dying" é tocante, e a musiquinha que o cameron canta é das coisas mais surreais do filme "when cameron was in egypts land...let mey cameron goooooo...". Simplesmente fantástico.

O Ferris também é muito interessante, embora não ao ponto de seu melhor amigo. É aquele tipo popularzinho do colégio, amado pelas mulheres, admiriado pelos homens. E tem a namorada dele, Sloane, que é uma pessoa normal. Isso sem contar na super aparição relâmpago do Charlie Sheen no final, o que vale um bônus.

A genialidade começa no monólogo inicial do Ferris, falando do socialismo na Europa, entre outros assuntos, e citando Lennon dizendo "after all, he was the walrus". Depois vem o já famoso diálogo Ferris - Cameron ao telefone, e a partir de então vai num ritmo alucinante.

A cena do professor de história "anyone, anyone?" é excelente, e o "Save Ferris" ao logno do filme também.

A surrealidade é o que garante o humor ao longo da gazeta dos três por Chicago, dos encontros frequentes com o pai ao "rei das salsichas de chicago" no restaurante (a propósito, como ele pagou?), da parada alemã no centro de chicago em plena tarde de dia útil com Twist and Shout saindo do nada ao motorista chicano que fala ingês ("i´m american!") saindo com a Ferrari do Cameron pra passear.

O filme termina muito bem, com a Ferrari do pai do Cameron se esburrachando no precipício, ele congelado e a irmã no affair com o charlie sheen mega drogado na delegacia. E no final ele se dá bem e o inspetor todo arrebentado volta no ônibus escolar sendo sacaneado pelos colegas.

A mensagem final do filme é "life´s too short, enjoy it", sensacional. A irmã certinha se ferra, o maalandro se dá bem, quem vai a aula fica vendo aula chata, quem não vai anda de Ferrari. Ainda nã era o momento da vingança dos nerds e esses tipos reinavam absolutos.

A nota é 5, nota máxima, ao lado de poucos - Laranja Mecânica, Apocalypse Now, O Grande Ditador, 2001. E só. Mas não está no Top 5.

Explicações? Não sei. é um sistema complexo. Até mesmo pra mim. Vai entender. Sei que um filme 5 não entra na lista enquanto um filme 4,5 entra. fica meio como o K2 - ele está ali, é alto pra caramba, mas alguns montes menores são muito mais famosos.

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