Friday, April 29, 2005

Engenharia de Vida

Estou ficando refém das notas. Minha vida está se tornando uma nota (aliás, um 3,5 até agora. Nada mal, nada mal...). Tudo que faço tem que ter nota. Maldito racionalismo.

O problema é que gosto disso, muito até. Me divirto muito fazendo notas, racionalizando tudo, criando regras, top 5´s, dividindo tudo em subcoisas.

Tudo começou com as notas de filmes. As notas variam de 0 a 5, com intervalos de 1 de zero até o 3 e de 0,5 a partir de então. 3,5 começa a ser negrito, algo que vale destacar. Comecei então a criar várias regras internas, desenvolvendo o método, até chegar ao modelo final que hoje aplico. Criei uma planilha, com todas as notas. E há distorções inexplicáveis que fazem com que um filme 3 possa ser melhor que um 3,5, o que demonstra o rigor analítico do sistema, provando que as notas são dadas com cérebro, e não com o coração.

Depois passei a dar notas as mulheres, um critério já mais complicado. A nota vai de 0 a 10, mas funcionando com uma soma de partes - 1 para corpo, 3 para rosto, 3 para a conversa, 1 para hábitos, 2 para bizarrices legais. E claro, dentro das subpartes há sub-subpartes, como por exemplo o grande peso dado aos olhos na categoria rosto. A soma destas subnotas sá a nota final da mulher. É claro que é preciso conhecê-la antes para um melhor rigor analítico, mas é possível dar notas após encontros efêmeros, embora elas estejam sujeitas a revisões. Tal sistema é imcompatível com amores à primeira vista e afins, mas como isso não existe mesmo não ligo. Trata-se sim de gostar de uma pessoa interessante, comme il faut. A parte bizarrices legais tem um grande peso e envolve ítens muito subjetivos. Por exemplo, uma menina que gosta de andar de ônibus de madrugada sozinha bêbada apreciando São Paulo tem muitos pontos neste quesito. Frequentar livrarias e cinemas sozinha também garante boa pontuação nos hábitos.

Dos cinemas e mulheres, passei a dar notas a livros, músicas, discos, usando a mesma regra dos filmes. E daí passou a servir pra tudo. Países para literatura, anos da música pop, discos duplos, livros de 1915, músicas de 6´24´´ - basicamente tudo, do micro para o macro. E junto com as notas vêm os Top 5´s, as classificações, subclassificações, comparações.

E assim minha vida vai se tornando uma soma de notas, classificações, e tudo vai se complicando, se juntando, vou me tornando um engenheiro da minha vida, com sistemas pré-determinados que regem o que gosto e o que não gosto. Posso dizer que tem sido muito divertido, e nada posso fazer contra isso.

E tudo acaba como no post do Lucas no Fêmea, já penso na nota ao longo do filme, como um jurado de escola de samba, e pra tudo há opinião, tudo se encaixa nas regras, diabos, e eu não quero dar uma nota mas dou, e um filme 4 é melhor que um 4,5, malditas regras que tanto amo!

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