Tuesday, January 03, 2006

O menino é o pai do homem

A explicação pode estar na garrafa de Amaretto que matamos no bico. Ou no maldito Bloody Mary Mix. Fato é que após os fogos em Copacabana invadi uma festa com dois amigos dizendo sermos o Coral do Teresiano. Na entrada cantamos "We wish you a merry christmas, we wish you a merry christmas, we wish you a merry christmas, and a happy new year" em vários tons e entramos na festa. Havia uns velhos na sala, e eu estava com uma camisa escrito Suécia em sueco (Sverige).

Parênteses. A camisa foi escolhida especialmente para a data, no que é conhecido como Teoria da Atração dos Iguais (TAI). A TAI prega que os iguais se reconhecem e interagem. Meu objetivo único era conhecer suecas, e a camisa era o chamariz para tal. "ah, você é sueco também?" "Não, brasileiro, mas vamos conversar". Havia uma leve esperança que a TAI servisse também para outras nórdicas - finlandesas, norueguesas, dinamarquesas, quem sabe até mesmo islandesas, o que seria genial. Um objetivo justo.

Lá dentro a notícia co coral se espalhou de alguma maneira inexplicável. Certa hora, fui ao banheiro, e para isso tinha que passar pela sala dos velhos. Na volta, uma velha me parou perguntando se eu havia morado na Suécia. Respondi que sim, e ela perguntou se tinha sido para estudar música. A mentira do coral estava ficando gigante. Ficamos um bom tempo conversando. Falei dos corais natalinos de Gothemburg, de como é bom cantar no frio, dos professores russos que tinham emigrado pra lá, de um concerto que havia dado numa categral gótica no norte do país. Saímos um tempo depois mas um amigo estava com uma mulher e ficou. Ele disse que mais tarde uma outra velhinha veio falar de mim e me citou como reitor do coral e tal. Espero não encontrar essas pessoas tão cedo.

E aqui cabe a nota triste: a velhinha foi a única que reconheceu a camisa. Quero crer que não havia suecas no meu caminho. Ou eu não me pareço sueco e elas viram claramente que era apenas um brasileiro tentando a aproximação via TAI.

Se a TAI não funcionou, uma outra teoria que eu preferia não tivesse funcionado foi comprovada com louvor - Teoria da Diluição do Dinheiro Pelo Álcool (TDDPA). Esta teoria prega que o excesso de consumo de álcool derrete as cédulas de dinheiro do seu bolso ao longo da noite. Há toda uma explicação químico-biológica para isso que foge ao escopo desse blog. Fato é que morri em 120 reais sem saber bem como. Um exemplo ilustrativo: final da noite, fome infinita, entro no Bob´s. Peço um double cheese "com muito ovo e muito queijo porque estou morrendo". A mulher me perguntou quanto de queijo e ovo e eu disse "muuuuuito". Vai ver ela entendeu a intensidade do u, e o resultado foi um sanduíche absurdamente grande que me custou 20 reais. Malditas teorias.

1 Comments:

Blogger Pedro Eboli said...

Você devia ter falado pra mulher do Bob's: "quero um igual ao dele". Custou-me apenas 8 reais (o que, convenhamos, já é bastante pra um sanduíche do Bob's).

Ah, e ir pra casa na mesma hora que eu fui pra casa (quando eu falei pra você: "vai pra casa", lembra?) provavelmente também teria sido bom.

Mas, não posso esperar coerência de alguém que tomou uma horrorosa garrafa de licor de Mucolvan inteira. Tsc, tsc.

2:51 PM  

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