Sobre livrarias
Os franceses sabem fazer livrarias. A Inglaterra é dominada pelas grandes redes, Sicilianos e Saraivas de lá, com luzes brancas, prateleiras de todos os tipos de livro e vendedores que nada sabem sobre o que vendem. Tudo bem que é barato pra cacete, mas sem charme, o que tira a graça.
Na França também há as grandes redes, mas há inúmeras pequenas livrarias bastante interessantes. Uma delas, a Village Voice, se sobresai. Foi lá que vi um francês comprar um livro do Veríssimo, o que quase levou o Lucas as lágrimas - não, ela não se sobressai por isso. Foi lá que gastei boas horas e descobri livros interessantíssimos. Minha idéia era comprar apenas algumas lacunas de coleção, livros que precisava ter em inglês - Salinger, Fante, McEwan (Veríssimo? Não, não fui eu. Nem o Lucas, a não ser que fosse um laranja dele).
Eu havia conhecido o livreiro de lá em um jantar na casa de um americano (post a seguir), e o cara conhecia bastante coisa. Perguntei sobre a literatura francesa dos últimos 20 anos e ele me desencorajou a comprar qualquer coisa. Um francês que diz que não há nada que preste na literatura francesa nos últimos 20 anos é alguém pra ser levado a sério. Acabei levando uma recomendação bizarra mas que parece interessante - Life A User´s Manual, de Geroge Perec. Esse cara escreveu um livro inteiro sem a letra i. Mas não esse, esse é um tijolão bizarrão, o cara me recomendou dizendo "quem gosta de Arco Íris da Gravidade vai adorar isso aqui". Fora isso comprei também o The ManWho Was Thursday, que ainda não havia lido, e é engraçadíssimo, belo exemplo de literatura britânica com aquele senso de humor característico.
A Village Voice é só uma em meio a várias livrarias interessantes de Paris, nada de grandes cadeias e livros ade auto-ajuda e administração mas pequenos lugares com vendedores que conhecem literatura. Mas pra não cometer injustiça completa com Londres, lá tem um sebo muito bom, cujo dono é um agente contratado pelo governo para ser um inglês velho mais clichê de todos os tempos. Lá havia um Gravity´s Rainbow por 1,8 pounds e um Black Dogs do McEwan pelo mesmo preço, o que causa uma certa estranheza dada a diferença de tamanho entre os dois. Mas os dois muito baratos, sem dúvida.
E sim, acabei comprando um livro numa mega rede de livraris inglesa com luzes brancas, e um best-seller - A Short History of Tractors in Ukrania. O nome é muito bom, a capa é irada, era baratinho, fácil de ler em trens e aeroportos e recomendado pela Economist - confesso que o que me levou a comprar foi a recomendação. E o livro é bonzinho até para um best-seller, bem escrito e com humor tipicamente local. É preciso levar em conta as diferenças entre o povo britânico e o brasileiro.
Na França também há as grandes redes, mas há inúmeras pequenas livrarias bastante interessantes. Uma delas, a Village Voice, se sobresai. Foi lá que vi um francês comprar um livro do Veríssimo, o que quase levou o Lucas as lágrimas - não, ela não se sobressai por isso. Foi lá que gastei boas horas e descobri livros interessantíssimos. Minha idéia era comprar apenas algumas lacunas de coleção, livros que precisava ter em inglês - Salinger, Fante, McEwan (Veríssimo? Não, não fui eu. Nem o Lucas, a não ser que fosse um laranja dele).
Eu havia conhecido o livreiro de lá em um jantar na casa de um americano (post a seguir), e o cara conhecia bastante coisa. Perguntei sobre a literatura francesa dos últimos 20 anos e ele me desencorajou a comprar qualquer coisa. Um francês que diz que não há nada que preste na literatura francesa nos últimos 20 anos é alguém pra ser levado a sério. Acabei levando uma recomendação bizarra mas que parece interessante - Life A User´s Manual, de Geroge Perec. Esse cara escreveu um livro inteiro sem a letra i. Mas não esse, esse é um tijolão bizarrão, o cara me recomendou dizendo "quem gosta de Arco Íris da Gravidade vai adorar isso aqui". Fora isso comprei também o The ManWho Was Thursday, que ainda não havia lido, e é engraçadíssimo, belo exemplo de literatura britânica com aquele senso de humor característico.
A Village Voice é só uma em meio a várias livrarias interessantes de Paris, nada de grandes cadeias e livros ade auto-ajuda e administração mas pequenos lugares com vendedores que conhecem literatura. Mas pra não cometer injustiça completa com Londres, lá tem um sebo muito bom, cujo dono é um agente contratado pelo governo para ser um inglês velho mais clichê de todos os tempos. Lá havia um Gravity´s Rainbow por 1,8 pounds e um Black Dogs do McEwan pelo mesmo preço, o que causa uma certa estranheza dada a diferença de tamanho entre os dois. Mas os dois muito baratos, sem dúvida.
E sim, acabei comprando um livro numa mega rede de livraris inglesa com luzes brancas, e um best-seller - A Short History of Tractors in Ukrania. O nome é muito bom, a capa é irada, era baratinho, fácil de ler em trens e aeroportos e recomendado pela Economist - confesso que o que me levou a comprar foi a recomendação. E o livro é bonzinho até para um best-seller, bem escrito e com humor tipicamente local. É preciso levar em conta as diferenças entre o povo britânico e o brasileiro.
3 Comments:
Bom ver que a viagem ta dando inspiraçao pre reviver o pintor morto...
Ah, descobrimos o que foi aquela confusao no Marais: um grupo anti-semita! Parece que depois daquilo fecharam o site deles...
Fica querendo fazer piada sobre o Veríssimo e acaba só escrevendo besteira. O Perec escreveu um livro sem a letra "e", não a letra "i". Chama-se "La disparition". Depois ele escreveu um livro em que "e" é a única vogal que aparece, "Les revenentes". (Apelando um pouco, pois a grafia correta é "revenantes", mas a gente releva.)
A Village Voice se sobressai? Hmm, eu diria. Bônus "conheço o livreiro", mas só. A Galignani me parece mais completa e a Shakespeare and Co é mais charmosa. E Paris também tem as suas megastores, as Fnac. Mas elas são completas à beça, dá gosto comprar livro lá.
Em Londres a gente deu azar. Logo quando eu voltei li uma matéria no Guardian sobre as melhores livrarias independentes da Inglaterra. Uma fica em frente ao British Museum, a gente deve ter passado perto.
sim, sim, a letra e, eu tava com a parada em inglês na cabeça e acabou saindo i. Maldição do Veríssimo, talvez.
Londres deve ter livrarias interessantes sim, mas acho difícil superar as de Paris que são boas pra cacete. E isso só contando as que vendem livros em inglês, nem frequentei as normais. Em compensação, fui numa russa e numa grega. E aí perto de você tem uma alemã.
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